top of page

O Consenso Anti-Washington

- HEITOR DE PAOLA - OFFMIDIA - 16 DE JANEIRO DE 2003 -


Há alguns anos foi consagrada pela mídia e pelos “intelectuais” acadêmicos, a expressão Consenso de Washington para se referir a algo confuso mas que seria uma conspiração urdida pelos americanos para dominar o mundo através de um diabólico processo chamado Globalização. Logo passaram a pulular artigos e mais artigos condenando ambos os termos que eram mencionados sem nenhuma explicação adicional, pois “todo mundo” sabia o que significavam. Virou moda, até em títulos de artigos científicos, citar um dos dois. A disseminação foi tão rápida que suspeito que eram parteibefehlen – palavras de ordem - termo com que comunistas e nazistas se referiam a certas palavras que, vazias de significado no mundo real, deveriam ser repetidas ad nauseam de tal maneira que, após certo tempo, realmente “todo mundo” passe a repeti-las, sem nem saber suas origens ou significados.


O CONSENSO ANTI WASHINGTON
.docx
Download DOCX • 16KB

No entanto, o que se pode perceber de mais realístico é a existência de um consenso oposto, anti-Washington. Pode ou não ter um cunho conspiratório, o principal é identificar quais os objetivos e quais são seus principais representantes. Em ambos os casos podemos observar um aglomerado tão vasto e confuso de interesses e personagens, que pode ser difícil discerni-los.



Em primeiro lugar estão, obviamente, os movimentos fundamentalistas muçulmanos, os primeiros a levarem a cabo um ataque real ao território americano, em setembro de 2001. Logo após os atentados houve uma onda, infelizmente passageira, de solidariedade aos Estados Unidos. Passageira porque hipócrita, cínica e mentirosa, na medida em que, na maioria dos casos, encobria um aplauso aos “vingadores” da arrogância do Tio Sam. Participei naquela época de intenso debate pela Internet e muitas vezes fiquei enojado por opiniões tão grotescas como a do bofe tupiniquim - que hoje chama as árvores de “companheiras da floresta”, tão longe foi seu delírio - que lamentava que tivessem sido apenas dois, e não 25 aviões. Os que lamentavam sinceramente eram poucos, muito poucos.


O que os países muçulmanos alegam é que odeiam os americanos pelo apoio à única trincheira de uma sociedade aberta, democrática e multi-religiosa do Oriente Médio, o Estado de Israel, porque a democracia multi-religiosa libanesa foi destruído pela ditadura Síria. Mas se os EUA aceitassem abandonar Israel e os judeus fossem “jogados ao mar”, como quer Arafat, não haveria nem uma única “conversão” de inimigos para grandes amigos. O que ocorreria é que os terroristas e seus patrocinadores iriam achar que seu terror deu certo e saiu vitorioso pois conseguiu dobrar a maior potência do planeta. Isto já aconteceu com os países europeus que abandonaram a aliança com Israel, e continuam tão ou mais odiados do que antes por se mostrarem fracos e amedrontados. Outros criticam os EUA por apoiarem monarquias ditatoriais e corruptas como as da Arábia Saudita, Emirados, Kwait e Qatar. Mas o que aconteceria nestes países se perdessem o apoio americano? Surgiria uma belíssima democracia representativa? Ou uma ditadura, xi’ita ou sunita mais feroz ainda do que as atuais?


Um segundo grupo é o dos países ainda comunistas, Cuba, Coréia do Norte, China ou outros que se candidatam a serem, como os participantes do Foro de São Paulo, versão moderna da Conferência Tri-Continental de Havana. Suas razões são tão óbvias que nem é preciso esmiuçar.


Um terceiro grupo é constituído por alguns países europeus cujo epicentro seria a França, mais especificamente os maître à penser da Rive Gauche parisiense, como bem os identifica o mestre Meira Penna. Os franceses não suportam o fato de que foram três vezes derrotados e salvos por outras potências, nas duas últimas por ingleses e americanos. À gratidão inicial, seguiu-se, como é comum, um imenso ressentimento travestido de moralismo reacionário que alega defender o idioma e as tradições pátrias da “invasão cultural” americana. Se a maioria do povo francês não está nem aí para esta bobagem, os intelectuais do establishment não aceitam, e não se convencem, de que a França perdeu seu lugar de potência culturalmente predominante há muito, e seu idioma foi substituído pelo Inglês como língua universal. Interesses puramente comerciais, como os representados pelo bigodudo Bové, também estão presentes. Em outros países europeus ocorrem coisas semelhantes, principalmente na Rússia, reduzida a potência de segunda categoria sem que um único tiro fosse necessário, esfacelando-se como um verdadeiro tigre, ou urso, de papel.


Por último, um grupamento heterogêneo e confuso de movimentos terceiro-mundistas, ecochatos, feminomarxistas, homomarxistas, ONG’s variadas, e uma grande maioria que nem sabe muito bem sobre o que está protestando enquanto saboreia um hamburguer com Coca-Cola do McDonald’s, vestindo seus jeans e ouvindo rock ou country music.


Por que este ódio aos EUA? Porque todos os movimentos totalitários, sejam comunistas, sejam fundamentalistas muçulmanos, odeiam as sociedades livres e abertas e os EUA são a maior e mais forte sociedade aberta de toda a história. Porque os EUA é um País com 60 milhões de imigrantes, com Estados bilíngües, que tem que impor barreiras para a entrada, não para a saída. Porque é uma sociedade multirracial e que respeita como nenhuma outra as mulheres (o atual Secretário de Estado é negro, já os houve mulher e judeus). Porque os EUA são uma sociedade multi-religiosa onde todas as religiões são livres mas nenhuma pode se sobrepujar às outras. Porque só os EUA e Israel impedem a expansão infinita do Islam e do comunismo. Enfim, porque são uma sociedade próspera, cujo índice que indica pobreza soa ridículo para os nossos padrões e por isto são objetos de inveja e ressentimento.


Infelizmente a origem de muitos destes grupos está lá mesmo nos EUA, são os intelectuais “promotores de inveja”, no dizer de Thomas Sowell. Mas isto será outro artigo.


16 views0 comments

Related Posts

See All
bottom of page