- THE EPOCH TIMES - Eva Fu - TRADUÇÃO CÉSAR TONHEIRO - 21 JUN, 2022 -
TikTok é uma 'ferramenta invasiva' para Pequim: legisladores alertam sobre ameaça após relatório mostrar dados dos EUA acessados na China
O aplicativo de vídeos curtos imensamente popular TikTok é apenas “outra ferramenta invasiva” para a campanha de espionagem de Pequim nos Estados Unidos, disseram legisladores dos EUA após notícias de gravações internas vazadas supostamente mostrando dados privados de usuários americanos do aplicativo sendo acessados repetidamente na China.
Entre pelo menos setembro de 2021 e janeiro, engenheiros na China tiveram acesso aos dados do aplicativo nos EUA, de acordo com gravações vazadas de 80 reuniões internas citadas pelo BuzzFeed News. Além disso, os funcionários do TikTok às vezes precisavam recorrer a seus colegas na China para determinar como os dados dos EUA estavam fluindo, que a equipe dos EUA não estava autorizada a acessar de forma independente, segundo o relatório.
O TikTok é de propriedade da gigante de tecnologia ByteDance, com sede em Pequim, e gerou preocupação nos Estados Unidos e em outros lugares sobre se seus dados podem ser acessados pelo Partido Comunista Chinês (PCC), já que suas leis obrigam as empresas a cooperar com agências de segurança quando solicitadas.
“Tudo é visto na China”, disse um membro do departamento de Confiança e Segurança do TikTok em uma reunião de setembro de 2021, segundo o relatório. No mesmo mês, um diretor dirigiu-se a um engenheiro de Pequim como um “Administrador Master” com “que tem acesso irrestrito a todo o sistema”.
“Não é surpresa, o TikTok é apenas mais uma ferramenta invasiva para a China comunista se infiltrar nas informações pessoais e proprietárias dos americanos”, disse o deputado Ken Buck (R-Colo.) ao Epoch Times. “Este aplicativo representa uma ameaça muito real à nossa segurança nacional, e os Estados Unidos devem tomar medidas fortes para interromper a campanha de espionagem do PCC.”
A popular plataforma de propriedade da China há anos procura minimizar seus vínculos com Pequim – preocupações que desencadearam esforços do governo Trump para proibir o TikTok de operar nos Estados Unidos. Em várias declarações públicas, a empresa sustentou que armazena dados de usuários dos EUA localmente e não os compartilharia com as autoridades chinesas, se solicitado.
A lei nacional de inteligência chinesa exige que todas as organizações e cidadãos “apoiem, ajudem e cooperem com os esforços de inteligência nacional de acordo com a lei” e “protejam os segredos do trabalho de inteligência nacional de que tenham conhecimento”. Por causa disso, as empresas chinesas não têm outra opção a não ser entregar quaisquer dados que as autoridades exijam e negar publicamente, disseram especialistas.
Em agosto de 2021, uma empresa estatal ligada ao principal órgão de vigilância da Internet do país também assumiu uma participação de 1% em uma das subsidiárias da ByteDance, aumentando as preocupações com a possível influência que Pequim poderia exercer sobre a plataforma.
“Quaisquer dados de usuários dos EUA que podem ser acessados por uma empresa 'privada' na China, sem dúvida, também podem ser acessados pelo Partido Comunista Chinês”, disse o deputado Lee Zeldin (RN.Y.) ao Epoch Times.
Em uma audiência no Congresso em outubro de 2021, Michael Beckerman, vice-presidente e chefe de políticas públicas nas Américas do TikTok, negou que os funcionários da ByteDance tenham acesso aos dados dos usuários do TikTok. Ele disse aos legisladores que “uma equipe de segurança sediada nos EUA de renome mundial” lida com o acesso aos dados de usuários dos EUA e armazena backups em Cingapura.
As gravações vazadas, disse Zeldin, sugerem que Beckerman “possivelmente mentiu para o Congresso, o que é um crime”.
“Mesmo a possibilidade de que os dados privados de milhões de americanos, muitos deles apenas adolescentes, tenham sido acessados pelo governo chinês e possam ter sido usados para qualquer número de atividades nefastas do PCC deve disparar alarmes em nosso governo e setor privado, e para quem usa este aplicativo”, disse ele.
“O governo dos EUA precisa determinar com urgência quais dados foram coletados, a que o governo chinês teve acesso e como os dados foram usados”.
Pouco antes do artigo do Buzzfeed de 17 de junho, o TikTok anunciou que estava migrando todo o tráfego de usuários dos EUA para servidores Oracle nos Estados Unidos. Ele acrescentou que continuaria a usar seus data centers nos EUA e em Cingapura para armazenamento de backup, mas espera excluir os dados dos usuários dos EUA desses sites ao longo do tempo.
'Cada peça de tecnologia vinda da China é armada'
O ex-censor de internet chinês Liu Lipeng disse anteriormente ao Epoch Times que o TikTok procurou contratar pessoas como ele para monitorar usuários dos EUA. Em 2018, Liu foi entrevistado pela ByteDance para um cargo de gerente de conteúdo do TikTok, que esperava que ele inspecionasse “vídeos globalizados” na plataforma.
“Eles estão censurando diretamente o discurso dos americanos”, disse ele em uma entrevista em 2020.
O presidente Donald Trump emitiu uma ordem executiva em agosto de 2020 para banir o TikTok e o super aplicativo chinês WeChat, dizendo que a captura dos aplicativos de vastas faixas de dados dos americanos “ameaça permitir que o Partido Comunista Chinês acesse informações pessoais e proprietárias dos americanos – potencialmente permitindo a China rastrear a localização de funcionários e contratados federais, construir dossiês de informações pessoais para chantagem e conduzir espionagem corporativa”.
Desde então, a ordem de Trump foi paralisada por vários processos e ordens judiciais.
Em julho de 2021, o presidente Joe Biden revogou a ordem executiva, orientando o Departamento de Comércio a avaliar a plataforma para determinar se ela representa um risco à segurança nacional.
Casey Fleming, analista de segurança cibernética e CEO da empresa de consultoria estratégica BlackOps Partners, disse que a ambição global de Pequim deve soar o alarme em relação à tecnologia da China.
Uma coisa que ele sempre diz às pessoas que o consultam sobre esses assuntos, disse Fleming, é que “você precisa entender que toda tecnologia vinda da China é armada”, disse ele ao programa “China Insider” da EpochTV. “É para enfraquecer os Estados Unidos e fortalecer a China.”
Os dados pessoais são “muito, muito valiosos” porque retratam a quem a pessoa está conectada, suas transações comerciais, atividades de smartphones e o que elas farão no futuro, disse Fleming. A maneira como o TikTok é programado para prender o público no aplicativo também é uma forma de controle psicológico, disse ele.
“O que a maioria das pessoas realmente não entende é que os valores e objetivos do Partido Comunista Chinês são completamente opostos aos dos EUA e do mundo livre”, disse Fleming.
“Eles querem controlá-lo completamente. Portanto, não há empresas independentes na China, o PCC comanda e controla completamente lá.”
Qualquer pessoa envolvida em negócios ou outras atividades na China “está sujeita à lei do PCC na China”.
O TikTok não retornou um pedido de comentário até o momento da publicação.
David Zhang contribuiu para este relatório.
Eva Fu é uma escritora de Nova York do Epoch Times com foco nas relações EUA-China, liberdade religiosa e direitos humanos.
Contato eva.fu@epochtimes.com
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