- SOUTH CHINA MORNING POST - JULY 28, 2021 - Guo Rui - Tradução César Tonheiro -
Magnata chinês Sun Dawu condenado a 18 anos de prisão
A sentença proferida ao líder da agricultura, seus filhos e irmãos, bem como aos funcionários da empresa, deve aumentar as preocupações do setor privado
Sun há muito tempo critica as autoridades e um observador disse que seu caso mostra os limites da liberdade de expressão na China hoje
O sincero magnata chinês Sun Dawu foi condenado a 18 anos de prisão na quarta-feira por acusações que variam de provocar problemas a arrecadação ilegal de fundos.
O Tribunal Popular de Gaobeidian também proferiu sentenças de prisão que variam de 18 meses a 12 anos para os dois filhos e dois irmãos de Sun.
A Dawu Agricultural and Animal Husbandry Group, um conglomerado que leva o nome do magnata, foi multada em mais de 30 milhões de yuans (US $ 4,6 milhões), teve outros 14 milhões de yuans confiscados e foi condenada a reembolsar mais de 1 bilhão de yuans em depósitos que retirou de funcionários e residentes locais na província de Hebei.
Todos os 20 réus no caso foram considerados culpados, mas cinco receberam penas suspensas, de acordo com um breve comunicado publicado pelo tribunal em sua plataforma de mídia social e na equipe jurídica de Sun.
O julgamento de Sun, sua família e parceiros de negócios durou duas semanas e estava sendo observado de perto enquanto o magnata era visto como um crítico aberto da liderança chinesa. O grupo Dawu, que emprega mais de 9.000 pessoas, exerceu uma influência local considerável.
Os advogados de defesa emitiram um comunicado após o julgamento, dizendo que estavam "muito decepcionados" e que apelariam.
“Continuaremos prestando serviços jurídicos e auxiliando os réus ... até que esgotemos todos os procedimentos e meios legais”, acrescentaram.
De acordo com uma mensagem compartilhada pelos advogados, Sun, 67, tentou assumir toda a culpa e implorou ao tribunal para exonerar os outros réus.
“O Grupo Dawu errou e eu cometi erros. A culpa é minha”, disse Sun. “Não tenho medo de ser condenado, mas pediria ao tribunal que julgasse de acordo com os fatos e a lei e absolvesse os outros”.
Durante o julgamento, os advogados de defesa argumentaram, sem sucesso, que os depoimentos coletados pelos promotores enquanto Sun e outros réus estavam detidos deveriam ser considerados inadmissíveis, uma vez que foram tomados em “condições tortuosas”.
Tang Dajie, pesquisador do China Enterprise Institute, um think tank com sede em Pequim, disse que a pesada sentença sobre Sun e seus associados teria um efeito desencorajador sobre outros empreendedores privados.
“Há uma visão amplamente compartilhada de que o governo está defendendo a boca para ajudar o setor privado, mas não faz nada para reverter a repressão a ele”, disse ele.
Ele acrescentou que a sentença de Sun também mostrou os limites da liberdade de expressão na China hoje.
“Houve algum espaço para discussão pública [em 2003] quando Sun foi julgado pela primeira vez, mas recebeu uma sentença relativamente leve depois que muitos economistas e intelectuais falaram em seu favor”, disse ele. “Desta vez, muito poucos partidos foram capazes de fazer as mesmas vozes e exercer a mesma pressão [sobre as autoridades].”
Sun, que criticou veementemente as autoridades, especialmente sobre suas políticas rurais, foi acusado de arrecadação ilegal de fundos em 2003.
Mais tarde, ele foi libertado após um grupo de advogados, incluindo proeminente ativista de direitos humanos Xu Zhiyong, o defendeu. O próprio Xu está detido desde fevereiro do ano passado, depois de publicar uma carta aberta pedindo a renúncia do presidente Xi Jinping.
Em 2015, Sun expressou seu apoio àqueles apanhados na “repressão 709”, quando mais de 300 advogados e ativistas de direitos humanos foram detidos.
Ele também criticou publicamente as autoridades de Hebei em 2019, acusando-as de encobrir a extensão dos danos causados pelos surtos da peste suína africana (vídeo).
Reportagem adicional de Jun Mai
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