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Putin é o brinquedo de Pequim

- THE EPOCH TIMES - James Gorrie - TRADUÇÃO CÉSAR TONHEIRO - 10 MAR, 2022 -

Apoio 'ilimitado' da China deu luz verde à Rússia para invadir a Ucrânia


Ao contrário da narrativa popular vinda de Moscou, nem os Estados Unidos nem a OTAN são culpados pela invasão russa da Ucrânia.


Na verdade, além do próprio presidente russo Vladimir Putin, Pequim – e não Washington – tem grande parte da culpa pela invasão da Rússia.


Isso se tornará evidente em determinado momento.


Mas primeiro, vamos ver algumas razões que Putin deu para sua invasão da Ucrânia.


Fundamentos da Realpolitik de Putin


Uma explicação é a visão realpolitik de Putin das relações internacionais. Simplificando, a realpolitik vê o mundo através de uma lente de equilíbrio de poder e, muitas vezes, em termos de soma zero, em que o ganho de poder de uma nação é a perda de outra.


A análise do equilíbrio de poder normalmente sustenta que quanto mais centros de poder existirem, mais difícil se torna manter o equilíbrio entre as nações e, portanto, mais instável o mundo se torna. Tal estado de “multipolaridade” é inerentemente menos estável do que a bipolaridade, exemplificada pela Guerra Fria entre os Estados Unidos e a URSS, ou a unipolaridade, tipificada pela posição pós-Guerra Fria que os Estados Unidos têm desfrutado nas últimas três décadas.


Nesta nova era multipolar, os desafios de segurança das nações são mais complexos, tornando o mundo menos estável. É por isso que a multipolaridade normalmente aumenta as chances de irromper uma guerra. A história confirma isso, pois ambas as Guerras Mundiais ocorreram em eras de multipolaridade.


Acordo de não expansão fictício de Putin


Assim, Putin vê a inclinação da Ucrânia para o oeste como um aumento no poder da OTAN às custas da Rússia, bem como uma violação dos tratados assinados pelos Estados Unidos, Rússia e outros.


Ele está meio certo. Por um lado, adicionar antigas nações soviéticas – como Hungria e Polônia – aumentou o poder da OTAN. Por outro lado, de acordo com o ex-líder soviético Mikhail Gorbachev, que esteve pessoalmente envolvido nas negociações, a expansão da OTAN para o leste nunca foi discutida nem proibida.


“O tema da 'expansão da OTAN' não foi discutido, e não foi abordado naqueles anos. Digo isso com total responsabilidade. Nem um único país do Leste Europeu levantou a questão, nem mesmo depois que o Pacto de Varsóvia deixou de existir em 1991. Os líderes ocidentais também não o abordaram”, disse Gorbachev ao Russia Beyond em uma entrevista em outubro de 2014.


Assim, tal acordo nunca foi feito ou sequer discutido. Putin está mentindo sobre a OTAN violar um tratado que nunca existiu.


O interesse da Ucrânia é o crescimento econômico


Mas mesmo que a Ucrânia não seja membro da OTAN, seu interesse nacional está no crescimento econômico, não no poder militar. Se fosse o último, não teria desistido voluntariamente de seus mísseis nucleares há três décadas.


Ainda assim, a preferência de Kiev de se alinhar com o Ocidente mais rico e liberal do que com a Rússia autocrática e nuclear de Putin, que em si é um caso de cesta econômica, é uma perda de fato para a Rússia.


A realidade é que a Ucrânia pode se beneficiar do Ocidente sem ser membro da OTAN. Na verdade, a OTAN não tem planos de colocar mísseis na Ucrânia.


Putin se apega à China por relevância


Assim, o verdadeiro medo de Putin não é a deserção da Ucrânia para o Ocidente, mas sim o declínio do poder econômico da Rússia. Invadir a Ucrânia é uma maneira de capturar a produção e os recursos econômicos.


Assim também, no entanto, está se alinhando com a China.


A declaração pré-olímpica de Pequim de “apoio ilimitado” a Moscou não aconteceu no vácuo. Não há dúvida de que a China sabia da planejada invasão da Ucrânia pela Rússia.

O líder chinês Xi Jinping abençoou os planos de Putin com a promessa de acesso ao capital chinês, mercados e cobertura diplomática para a invasão.


O momento de seu alinhamento mútuo é menos importante do que o fato de que ambos concordaram com isso. A invasão russa da Ucrânia é um resultado imediato do apoio da China.


Agora, com o Ocidente estrangulando a economia russa em praticamente todos os trimestres – incluindo acesso a US$ 630 bilhões em instituições financeiras dos EUA, negação de acesso SWIFT e empresas ocidentais desinvestindo da Rússia, bem como o anunciado boicote americano ao petróleo russo – Moscou precisa do apoio de Pequim agora mais do que nunca.

O presidente Joe Biden anuncia a proibição de todas as importações de petróleo russo como parte da última ação dos Estados Unidos para isolar a economia da Rússia em resposta à invasão da Ucrânia, na Sala Roosevelt da Casa Branca, Washington, em 8 de março de 2022. (Win McNamee/Getty Images)

Putin é o idiota útil de Pequim


Além disso, conforme observado em meu post anterior, a Rússia e a China estão ocupadas criando um sistema financeiro global alternativo, não denominado em dólares. Isso supostamente ajudará a economia russa a se tornar imune às sanções dos EUA.


A verdade é que nem a Ucrânia nem as sanções dos EUA representam a maior ameaça para a Rússia. O regime autoritário de Putin e suas políticas econômicas e externas são o que está destruindo o país.


Uma outra verdade é que quanto mais tempo Putin permanecer no poder, mais a Rússia precisará da China, e Pequim sabe disso.


Assim, a relação China-Rússia é menos uma parceria igualitária e mais uma parceria júnior-sênior, com Pequim no topo.


Como poderia ser de outra forma?


O que a Rússia tem a oferecer que a China não pode?


Por que a China teria planos de longo prazo para compartilhar a hegemonia global com a Rússia?


Sem chance. A Rússia é um país moribundo, com medo de ficar atrás do mundo em poder econômico e tecnológico, pois assim está.


A Rússia é a representante de Pequim


Ainda assim, Pequim é inteligente o suficiente para alavancar a fraqueza e a megalomania de Putin ao apoiar suas ambições de reconstituir o império russo/soviético, embora todos, exceto talvez Putin, saibam que tal revitalização nunca acontecerá.


A China está alavancando a parceria ao fazer a Rússia travar uma guerra por procuração contra os interesses dos EUA (OTAN) na Europa. Putin, agindo como o idiota útil de Pequim, está fazendo o que a China não pode fazer na Europa, que é ajudar a destronar os Estados Unidos no cenário global.


Quer mais provas da aliança desigual?


Pequim está se beneficiando da dor econômica da Rússia comprando seu petróleo por uma fração do que os europeus pagam porque pode ditar esses termos.


E a Rússia é boa nisso, demonstrando claramente onde está o equilíbrio de poder em sua nova parceria “ilimitada” com a China.


As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times.


James R. Gorrie é o autor de “The China Crisis” (Wiley, 2013) e escreve em seu blog, TheBananaRepublican.com. Ele mora no sul da Califórnia.



Acesse a minha HOME PAGE, para assistir meus vídeos e ler meus livros: https://www.heitordepaola.online/



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