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O que o desastre econômico da China poderá significar para os mercados?

- THE EPOCH TIMES - Fan Yu - TRADUÇÃO CÉSAR TONHEIRO - 3 SET, 2022 -

Um vendedor de milho espera por clientes em um mercado em Shenyang, na província de Liaoning, nordeste da China, em 9 de julho de 2022. (STR/AFP via Getty Images)

A economia da China está em frangalhos.


Embora seja improvável que afete a candidatura do líder do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping, para outro mandato como chefe do regime, a economia número 2 do mundo terá um impacto no resto do mundo se descambar de vez.


O setor imobiliário da China – cuja importância não pode ser subestimada na condução da ascensão econômica do país nas últimas duas décadas – está quebrado. Muitos promotores imobiliários entraram em default. E os consumidores estão resistindo, recusando-se a pagar suas hipotecas de unidades habitacionais inacabadas e até mesmo realizando protestos em dezenas de cidades em todo o país.


Enquanto isso, o crescimento doméstico está falhando à medida que o país continua a decretar bloqueios relacionados ao vírus do PCC. No final de agosto, os bloqueios continuaram afetando a província de Hebei, que fica nos arredores de Pequim, e os testes em massa continuaram em Tianjin. Embora a China tenha conseguido gerenciar sua produção econômica em meio a bloqueios – usando sistemas de circuito fechado – sua economia doméstica e os níveis de gastos do consumidor foram prejudicados.


As taxas de desemprego também são preocupantes. A taxa de desemprego entre os jovens urbanos chineses atingiu surpreendentes 20%, enquanto mais recém-formados devem entrar na força de trabalho neste outono. As empresas de tecnologia chinesas têm sido tradicionalmente uma fonte de empregos, mas a repressão estatal à tecnologia no ano passado deixou muitas empresas sem capital para expandir o número de funcionários.


Por outro lado, a China deve cerca de um trilhão de dólares em empréstimos não pagos concedidos a países do terceiro mundo como parte da Iniciativa do Cinturão e Rota (sigla em inglês BRI ou OBOR). Pequim está sob pressão desses países para a remissão de alguns empréstimos.


Fraqueza do Varejo


Os problemas econômicos da China afetarão as empresas multinacionais americanas e ocidentais, especialmente empresas com grande presença no varejo na China. Um exemplo é a Starbucks, que tem milhares de lojas na China e mantém mais de 1/3 de participação de mercado no país mais populoso do mundo. A Starbucks reportou uma queda de 40% no segundo trimestre nas vendas na China.


Outra empresa impactada negativamente é a Nike. A fabricante de calçados e vestuário tem grande presença no varejo na China, e seus lucros non-GAAP no segundo trimestre (medido pelo EBITDA) caíram 55%. Ambas as empresas culparam os bloqueios relacionados ao COVID por suas vendas e quedas de lucros.


Outros gigantes do varejo, incluindo Adidas e empresas de luxo, como Richemont e Burberry, também relataram quedas de vendas na China.


Commodities pressionadas


As commodities globais estão enfrentando pressões duplas de um dólar americano forte – a moeda na qual a maioria das commodities é precificada – e o enfraquecimento da demanda da China. A China na última década tem sido um dos principais importadores de commodities globais, como minério de ferro, cobre, petróleo e gás natural líquido.


As importações chinesas de minério de ferro em julho aumentaram 3,1%, embora durante os primeiros sete meses de 2022 as importações totais tenham caído 3,4% em relação ao ano passado. As importações chinesas de gás natural liquefeito (GNL) caíram 15,4% em julho e 20,3% no período acumulado do ano até julho. A menor demanda de GNL da China não impactou o mercado de GNL, pois a demanda da Europa - cortada do gás russo - manteve o preço do GNL alto.


Embora a China continue a importar petróleo bruto da Rússia, enquanto a maioria das outras nações ocidentais sancionou a Rússia, o nível geral de importações de petróleo da China diminuiu devido à desaceleração econômica doméstica. O petróleo WTI encerrou agosto em queda pelo terceiro mês consecutivo, o maior declínio em dois anos.


Ganhos em Dólar


O Federal Reserve dos EUA anunciou uma política de taxas de juros “mais alta por mais tempo” em seu recuo anual em agosto, a fim de combater a inflação. O presidente do Fed, Jerome Powell, prometeu fazer o que for preciso para conter a inflação, alertando que isso pode causar “alguma dor” aos investidores.


A China e os Estados Unidos vêm divergindo em suas respectivas políticas monetárias. Em agosto, o Banco Popular da China cortou as taxas de referência de um ano em 0,5% e a taxa de empréstimo de referência de cinco anos em 1,5% para estimular a demanda por crédito e apoiar seu mercado imobiliário em dificuldades. Esses cortes foram uma surpresa, com base em números de gastos e empréstimos do consumidor piores do que o esperado em julho.


O tom hawkish continuado do Fed deve fortalecer o dólar americano em relação a outras moedas. Quanto ao banco central da China, agora tem menos espaço para baixar as taxas de juros domésticas.


No final de agosto, os bancos estatais chineses estavam vendendo o dólar em um esforço para sustentar sua moeda Yuan, de acordo com vários operadores de câmbio que falaram com a Bloomberg anonimamente.


Nesse ínterim, a expectativa é que o dólar continue subindo em relação ao yuan.

As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times.


Fan Yu é especialista em finanças e economia e contribui com análises sobre a economia da China desde 2015.


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