- THE EPOCH TIMES - 30 Abr, 2021 - Jessica Mao - Tradução César Tonheiro -
Smart TV chinesa equipada com Big Data para monitorar residências
Recentemente, um internauta da China continental denominado “v64500” escreveu no fórum online “V2EX” que sua televisão conectada à Internet estava digitalizando dispositivos eletrônicos em sua casa e enviando os dados para uma empresa chamada “Gozen Data”. O internauta revelou que sua televisão é uma marca da China continental chamada “Skyworth”.
O internauta percebeu que a televisão estava um pouco lenta, então verificou seu programa de serviço de back-end e “detectou algo chamado 'Gozen Data', todavia não tinha ideia do que estava acontecendo”.
O internauta disse que a televisão usa o sistema Android. Depois de estudar os dados por certo tempo, v64500 descobriu que “essa coisa [Gozen Data] a cada 10 minutos verifica todos os dispositivos conectados à internet da casa”.
“Tudo é transmitido de volta, incluindo nome do host, endereço MAC, IP e até latência de rede. Também verifica nomes de SSID Wi-Fi e endereços MAC adjacentes, e os envia coletivamente de volta ao domínio gz-data.com”, explicou o internauta.
“Ou seja, são coletadas informações incluindo dispositivos inteligentes existentes na casa, se o seu celular está ou não em casa, quem está conectado à internet em sua casa e qual é a inscrição do Wi-Fi de seu vizinho, de modo que carrega para este domínio a qualquer momento. Tem alguma dúvida de que este não é um serviço de espionagem??? ” v64500 perguntou no post.
O internauta também conduziu uma análise de código e carregou uma captura de tela das descobertas, que mostrou que o aplicativo de serviço Gozen Data correspondia a TVAC.apk — um aplicativo de jogo gratuito para Android.
“Há muitos códigos nele. Uma lógica é que o ARP varre a rede local e carrega informações de todos os dispositivos conectados à Internet”, disse v64500.
A postagem atraiu ampla atenção e debate acalorado entre os internautas.
O internauta zro disse: “Eu não me atreveria a conectar este tipo de televisão à internet, mesmo em minha própria casa”.
Outro internauta disse: “Meu roteador Xiaomi solicita o nome de domínio API.miwifi.com a cada 3 segundos, e não sei por que está fazendo isso. Eu estou assustado."
“É por isso que o sinal Wi-Fi precisa ser escondido. [Há] muito lixo doméstico [chinês]. Não é à toa que [o Partido Comunista Chinês (PCC)] foi sancionado pelos Estados Unidos”, disse o internauta free9fw.
“É por isso que precisamos de um plano de rede limpa”, disse o internauta Vinsony.
Skyworth desativa imediatamente o serviço de dados Gozen
Em 27 de abril, a Skyworth TV divulgou um comunicado em seu site oficial, dizendo que a empresa desativou imediatamente o serviço Gozen Data em todas as televisões Skyworth.
O comunicado afirma que o serviço é fornecido pela Beijing Gozen Data, que fez parceria com a Coocaa, uma empresa de tecnologia cibernética subordinada à Skyworth. A Coocaa teria enviado uma carta a Gozen Data para cancelar o contrato.
De acordo com o site oficial da Gozen Data, a empresa é "uma empresa terceirizada de big data dedicada ao marketing inteligente de dados domésticos" e também "a primeira empresa de big data na China com dados domésticos como núcleo". Atualmente, os dados da empresa “cobrem efetivamente 149 milhões de residências, 457 milhões de pessoas e mais de 140 milhões de terminais de TVs inteligentes”, de acordo com o site da empresa.
Já em 2014, a Gozen Data estabeleceu formalmente uma parceria estratégica com a Skyworth's Coocaa. Naquela época, a Gozen havia firmado uma parceria estratégica de longo prazo com fabricantes de televisão chineses e estrangeiros, incluindo a Skyworth, TCL, Changhong, Konka, Fun TV, Whaley, Sanyo, Toshiba e Philips. Também coopera com empresas de tecnologia como a Coocaa e provedores de conteúdo como a TVMao. Ele obtém dados de Smart TV em primeira mão instalando SDKs (kits de desenvolvimento de software) por meio da Platform Abstraction Layer (PAL), que altera o software original.
Vigilância do PCCh
Na China continental, a vigilância do PCCh está em toda parte. Os residentes chineses vivem sob o controle do sistema “Police Cloud” do PCCh, e todas as informações pessoais, inclusive roupa, comida, moradia e transporte, são coletadas e monitoradas pelo sistema.
O sistema Police Cloud do PCC extrai dados de vídeos, comunicações de voz, localizações de telefones celulares e outros recursos sociais.
A província de Guizhou é a primeira zona-piloto nacional de big data na China, e as autoridades policiais da província estabeleceram uma chamada "jaula de dados de ferro", usando-a em todas as suas operações, incluindo repressão e prevenção, gestão e controle de crimes sociais pedido).
Em 20 de dezembro do ano passado, o internauta catcarterpi postou uma foto no Twitter e disse: “Big data, prisões a céu aberto estão tomando forma”.
Na foto, o sistema de “Análise de Vídeo de Vigilância da Área da Prefeitura” monitora de perto peticionários, infratores da legislação antidrogas e criminosos. O sistema também monitora as atividades, ou “trilhas de movimento” dessas pessoas, ou “pessoas-chave” como são chamadas no sistema, em diferentes horários do dia. A parte inferior da imagem exibe as informações pessoais de uma pessoa e informações de voo, bem como uma pequena linha branca onde se lê "informações demográficas e biométricas".
Os relatórios internos do PCCh obtidos pelo Epoch Times revelam que os governos locais na China estão monitorando as pessoas na internet diariamente.
O PCCh coleta Big Data em todo o mundo
O PCC não está apenas monitorando seus próprios residentes, mas também coletando grandes dados globalmente.
Claudia Rosett, uma acadêmica do Instituto Hudson, disse em um artigo publicado pelo Wall Street Journal em outubro passado que o PCC "usa a ONU para expandir seu alcance de vigilância". A ONU estabeleceu planos de dados globais com o regime chinês, incluindo "um centro de pesquisa para dados de estados membros da ONU e um centro geoespacial para alistar as proezas da China com vigilância por satélite".
“O centro geoespacial será baseado no condado de Deqing, na província de Zhejiang, lar de um parque industrial geoespacial e anfitrião em 2018 de um Congresso Mundial de Informação Geoespacial da ONU”, afirma o artigo.
Em setembro de 2020, a Shenzhen Zhenhua Data Information Technology Company (Zhenhua) foi exposta por coletar grandes quantidades de dados sobre mais de 2,4 milhões de pessoas e 650.000 organizações em todo o mundo.
Zhenhua “está criando ferramentas para processar as informações de código aberto do mundo sobre pessoas influentes — selecionadas do Twitter, registros criminais, postagens do LinkedIn, vídeos do YouTube e muito mais — em dados que podem ser analisados e usados por universidades, empresas, membros do governo e os militares chineses”, afirma um relatório do Globe and Mail.
Um relatório do Washington Post de 14 de setembro de 2020 afirma que “os documentos de marketing e recrutamento da Zhenhua caracterizam a companhia como uma empresa patriótica, com os militares sendo o seu principal cliente-alvo.”
“Pesquisadores, além de atuais e ex-funcionários dos EUA, dizem que os bancos de dados, chamados coletivamente de Overseas Key Information Database (OKIDB) parece consistente com um impulso de anos do governo chinês para expandir a capacidade do país em colher grandes quantidades de dados para fins estratégicos.”
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