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Não importa a intenção: gastos do governo sempre geram lucros privados e prejuízos socializados

- MISES BRASIL - Anthony P. Geller - Contribuição César Tonheiro - 13 OUT, 2021 -

Quando o governo gasta, ganham os grandes e perdem os pequenos


Eis algo que ainda não foi devidamente compreendido: quando o governo implanta um determinado programa que envolve novos gastos — desde a distribuição "gratuita" de absorventes até a construção de uma estrada —, os maiores beneficiados são alguns empresários privilegiados (ou ineficientes).



E os maiores prejudicados são os pagadores de impostos, da classe média ao pobre.


Por isso, defender aumento de gastos do governo — ou ser contra sua redução ou mesmo contra sua contenção — é o equivalente a defender privilégios aos empresários favoritos do governo.


Isso vale para todo e qualquer tipo de aumento de gastos.


Se o governo disser que irá gastar mais com assistencialismo, os bancos irão financiar o déficit orçamentário do governo e os pagadores de impostos ficarão com os juros.


Se o governo disser que irá gastar mais com programas de saúde, além dos bancos, as empresas do ramo médico — desde as grandes farmacêuticas, passando pelas fornecedoras de equipamentos, até os mais simples vendedores de máscaras, gazes e luvas de borracha — também irão lucrar mais.


Se o governo disser que irá gastar mais com obras e investimentos públicos, além dos bancos, todas as empreiteiras selecionadas serão beneficiadas.


Se o governo disser que irá gastar mais com subsídios, além dos bancos, empresários e pecuaristas serão os privilegiados.


Se o governo disser que irá gastar mais com cultura, os grandes artistas e produtores serão os grandes ganhadores.


É exatamente por isso que "fazer lobby" — isto é, ir ao congresso e "convencer" políticos a votarem e implantarem uma determinada medida — é uma atividade econômica extremamente rentável.


Esta atividade é conhecida na literatura econômica como "rent seeking" — ou "busca pela renda" — e envolve conquistar privilégios e benefícios não pelo mercado, mas pela influência política. A criação de uma emenda orçamentária que irá beneficiar alguma empreiteira que será agraciada com a concessão de alguma obra pública (uma simples obra de recapeamento em uma estrada pode ser decorrente de um lobby de uma empreiteira para conseguir aquela obra) é um exemplo clássico.


Mas os privilégios variam e não se restringem apenas a aumentos de gastos do governo: a imposição de tarifas de importação que deixam concorrentes estrangeiros fora do páreo, a criação de regulamentações (inclusive profissionais) que irão dificultar a entrada de novos concorrentes em um mercado específico, e leis mais lenientes para mineradoras também são exemplos corriqueiros.


Adicionalmente, o rent-seeking está longe de se restringir à esfera federal. Os contratos superfaturados, por exemplo, estão presentes em todas as esferas de poder. Se uma prefeitura decide recapear uma rua ou avenida, são enormes as chances de que a empreiteira que faz aquela obra conseguiu o contrato via propina. No caso, o empreiteiro paga propina aos burocratas da prefeitura, que então escolhem essa empreiteira e, no final, em troca da propina, a empreiteira faz uma obra superfaturada, a qual será paga pelos seus impostos. Empresa, burocratas e políticos ganharam, e você perdeu.


Para ser justo, essa constatação de que gastos do governo são lucros privados é tão óbvia, que até mesmo keynesianos defensores dos gastos estatais a reconhecem. Um dos mais brilhantes representantes do keynesianismo, Hyman Minsky, deixou bem claro em que consistia todo esse teatro keynesiano: endividar o contribuinte para engordar o capitalista.

Veja o que ele disse em um de seus livros mais importantes, Estabilizando uma Economia Instável:

Se o déficit público aumentar quando os investimentos privados e os lucros estiverem diminuindo, os lucros empresariais não irão diminuir tanto quanto diminuiriam na ausência deste déficit. Com efeito, um Governo Grande serve para consolidar os lucros das empresas.

Direto ao ponto. Sem embustes nem rodeios.


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