top of page

"Matem Todos, Matem a Todos": A Guerra contra a Polícia na França

A espinafração à polícia francesa pela mídia e pela indústria do entretenimento, atores, cantores e assim por diante, também é alimentada pelo mundo acadêmico.


Uma guerra está sendo travada contra a polícia na França, mas nunca se dá o nome aos bois nesta guerra. Foto: um policial conversa com um motorista numa blitz no trânsito após uma noite de quebra-quebra no norte de Blois, França, em 17 de março de 2021. (Foto: Guillaume Souvant/AFP via Getty Images)

- GATESTONE INSTITUTE - 10 Abr, 2021 -

Yves Mamou - Tradução: Joseph Skilnik -


  • Em janeiro, o departamento de estatística do Ministério do Interior registrou 2.288 incidentes do tipo "matem a todos", segundo dados de relatórios da polícia..

  • A suspeição da mídia com respeito ao uso ilegítimo da violência por parte da polícia é tão intensa que os policiais atacados sequer se sentem facultados o suficiente para usarem suas armas.

  • A espinafração à polícia francesa pela mídia e pela indústria do entretenimento, atores, cantores e assim por diante, também é alimentada pelo mundo acadêmico.

  • Os covardes da justiça, é claro, também estão do lado da turba chique contra a polícia.

  • Se a polícia não puder investigar nem proteger a população porque os policiais têm medo de serem chamados de racistas, a segurança de todos os cidadãos estará em perigo.

Em 25 de janeiro em Pantin, subúrbio de Paris, em 4 de fevereiro em Carcassonne no sul da França e em 13 de fevereiro em Poissy em Yvelines, grupos de "jovens" organizados, de acordo com o glossário da grande mídia para evitar qualquer sinalização étnica, atraíram forças policiais para seus bairros a fim de emboscá-los. Aos gritos de "matem todos, matem a todos", as viaturas da polícia foram atacadas com explosivos e dispositivos pirotécnicos usados como armas de guerrilha urbana. Todas as vezes que estas coisas acontecem, vídeos do ataque são postados nas redes sociais.


Entre 17 de março e 5 de maio de 2020, a polícia francesa foi alvo de 79 emboscadas, segundo estatísticas do Ministério do Interior publicadas pelo Le Figaro. Em outubro de 2020 o Le Figaro contabilizou pelo menos dez ataques a delegacias de polícia desde o início do ano e mais de 85 incidentes de "violência contra pessoas que ocupam cargos de autoridade pública" foram registrados diariamente em todo o país pela polícia nacional, de acordo com o jornal Le Monde. Em janeiro, o departamento de estatística do Ministério do Interior registrou 2.288 incidentes do tipo "matem a todos", segundo dados de relatórios da polícia.


Uma guerra está sendo travada contra a polícia na França, mas nunca se dá o nome aos bois nesta guerra. Muito pelo contrário, muitos influenciadores da mídia, cantores do gênero Rap/Hip-Hop, atores, especialistas e outros estão se juntando a delinquentes e criminosos com o intuito de alardear que a força policial intrinsecamente racista está em plena atividade na guerra contra negros e árabes que vivem na França.


Incessantes e amplamente divulgadas demonstrações, organizadas pelo clã de Assa Traoré são o melhor exemplo dessa inversão. Desde 2016, Assa Traoré, negra afrodescendente, lidera uma campanha contra a polícia. Ela acusou os policiais que prenderam Adama seu irmão de matá-lo. Quatro relatórios oficiais elaborados por especialistas asseveraram que a polícia não cometeu nenhum "assassinato", mas Assa Traoré continua lutando e gerando seus próprios laudos com o intuito de "provar" que seu irmão foi assassinado. Ela já conta com apoio internacional. Ela foi escolhida como a "guardiã do ano" pela Revista Time e também foi matéria de um exaustivo artigo no jornal New York Times.


Assa Traoré não está sozinha quando se trata de liderar campanhas contra a polícia francesa. Em maio de 2020, a cantora francesa Camélia Jordana, em meio a uma entrevista concedida ao Canal 2 da televisão estatal francesa, acusou a polícia de matar negros e árabes, entra dia, sai dia, gratuitamente, por puro divertimento. "Os homens e mulheres que vão à labuta todas as manhãs nos subúrbios" são "massacrados apenas e tão somente devido à cor da pele", salientou a cantora.



Na sequência, de pronto, ocorreu algo surreal: o deputado Aurélien Taché (LREM, partido República em Marcha do presidente francês Emmanuel Macron), tuitou o seguinte:

"Bravo @Camelia_Jordana, mas o preço que você vai ter que pagar será imenso... você sabia disso. Eles vão negar, depois virar o jogo e jogar o ônus da prova no seu colo e mais uma vez tentar fazer com que as vítimas pareçam ser as culpadas."

A revista Les Inrockuptibles entrevistou o cineasta David Dufresne na qualidade de "especialista" sobre a brutalidade policial, certa vez ele dirigiu um documentário sobre o permanente conflito entre os jovens da periferia e a polícia. Indubitavelmente, David Dufresne deu suporte às acusações de Camelia Jordana de que a cantora "expressava o óbvio".


A revista de esquerda L'Obs deu um passo a mais em junho de 2020 ao dar o microfone ao astro do cinema francês de Hollywood (negro), Omar Sy. Do seu palacete em Los Angeles, Sy "exigia justiça para Adama Traoré", traçou um paralelo a George Floyd e pediu uma "força policial digna de nossa democracia".


Em 24 de junho a Anistia Internacional publicou um informe condenando o racismo da polícia durante o lockdown da Covid na Europa. Em 19 de julho de 2020, o prefeito de esquerda de Colombes, Patrick Chaimovitch, em Hauts-de-Seine traçou um paralelo entre a polícia de Vichy, o regime francês que colaborou com os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial com a polícia de hoje. O psicanalista Gérard Miller pediu para que as pessoas "reflitam sobre" as observações de Chaimovitch e o jornalista Edwy Plenel comparou o recém empossado Ministro do Interior Gérald Darmanin à René Bousquet, alta autoridade do setor público que organizou o ataque a Vel d'Hiv durante a Segunda Guerra Mundial além de ter colaborado com a Gestapo.


A suspeição da mídia com respeito ao uso ilegítimo da violência por parte da polícia é tão intensa que os policiais atacados sequer se sentem facultados o suficiente para usarem suas armas. Philippe Bilger, ex-magistrado, escreve: "diante de ameaças, uso de jatos de canhão de água e agressões físicas da polícia, eles (policiais) na prática não têm o direito de usar o que a lei os autoriza a usar", a saber: suas armas.


A espinafração à polícia francesa pela mídia e pela indústria do entretenimento, atores, cantores e assim por diante, também é alimentada pelo mundo acadêmico. A polícia é acusada de fazer uso de "checagem de reconhecimento facial" e também de fazer uso racista do controle de identidade. Esta ideia foi lançada e alimentada por um estudo publicado em 2009 por Fabien Jobard e René Lévy, ambos sociólogos, que afirmaram que o controle policial é realizado "au faciès" - "não em relação à conduta das pessoas e sim em relação ao que são ou ao que parecem ser". Em 2017, uma espécie de Defensoria Pública, órgão estatal dedicado à defesa dos indefesos, acusou publicamente a polícia de fazer checagens racistas de identidade. Em 12 de fevereiro, Claire Hédon, da Defensoria Pública pediu na rádio estatal France Info o fim das checagens de identidade em "certos bairros" e a criação de "zonas sem controles de identidade".


Alegações de apresentadores de programas, assim como "estudos" conduzidos por sociólogos ou pela Defensoria Pública, não podem ser contra-argumentados, nem mesmo corroborados por estudos sociológicos que mostram que o crime é desigualmente distribuído entre os diferentes estratos étnicos que compõem a sociedade francesa. A lei francesa proíbe a elaboração de quaisquer dados sobre criminalidade com base em raça ou grupo étnico. Isso gera uma situação estapafúrdia na qual é permitido acusar a polícia de racismo, mas é proibido por lei e passível de punição esclarecer que negros ou norte-africanos estão desproporcionalmente representados nas prisões e em índices de criminalidade se comparados com sua demografia na população francesa.


A ofensiva da mídia e dos artistas contra a polícia é tão forte que muitas vezes políticos e integrantes do governo não ousam se opor a esses "promotores", covardemente ficam do lado dos artistas contra a polícia. "Hoje, se a cor da sua pele não for branca, o risco de ser parado pela polícia é muito grande" salientou o presidente Macron à revista Brut em dezembro de 2020. Fazendo uso de eufemismos, o presidente disse à população francesa que o comportamento da polícia era racista.


Os covardes da justiça, é claro, também estão do lado da turba chique contra a polícia. Em 2016, o Tribunal de Cassação deliberou que "a checagem de identidade baseada em características físicas associadas à origem real ou suposta, sem qualquer prévia justificativa objetiva, é discriminatória. É uma falta grave".


Em 27 de janeiro de 2021, os advogados de seis importantes ONGs entraram com uma ação coletiva contra o Estado. Eles notificaram formalmente o primeiro-ministro francês, Jean Castex, bem como o ministro do interior, Gérald Darmanin e também o ministro da justiça Éric Dupond-Moretti, pedindo o fim da "checagem de reconhecimento facial".


O Estado tem um prazo de quatro meses para responder à notificação das ONGs e apresentar propostas. Se não responder de maneira satisfatória, a ação coletiva contra o Estado, a primeira do gênero na Europa, irá ao tribunal.


A polícia francesa não está sendo atacada somente pelos cidadãos franceses. Atores internacionais de peso também embarcaram nessa empreitada de questionar os métodos investigativos da polícia. Em 6 de outubro de 2020, o Tribunal de Justiça da UE emitiu uma sentença em três casos (processos C511, C512 e C520/18) relativos à "retenção generalizada e indiscriminada de dados de tráfego e localização" na esfera da transmissão e troca de dados. Em outras palavras, em nome da proteção da privacidade dos cidadãos europeus, os governos nacionais não poderão exigir que uma operadora de telefonia retenha (por alguns meses) dados de clientes. Por exemplo, um investigador não poderá mais obter, em um futuro próximo, dados detalhados sobre as ligações telefônicas realizadas e recebidas por um suspeito de crime nem as coordenadas do GPS no momento em que recebeu e realizou as ligações nos dois meses anteriores.


Em consequência disso, prevenir e solucionar crimes será muito mais complexo e muitas vezes até impossível. Em 90% dos casos, a única pista da polícia são os números de telefone listados próximos à cena do crime. Esses números têm ajudado a polícia a rastrear suspeitos, são vestígios.


As forças que hoje se articulam contra a polícia, alguns setores da mídia, celebridades, organizações "antirracistas" e ONGs, parte do judiciário francês e os tribunais europeus de direitos humanos, bem como o assim chamado Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas e outras organizações internacionais, lutam no sentido de privar os países europeus de seu poder num ponto essencial: a missão de garantir a segurança de todos os cidadãos. Jean-Eric Schoettl, ex-secretário-geral do Conselho Constitucional, escreveu:

"inerentemente, juízes, representantes e, na maioria dos casos, membros do Parlamento Europeu rejeitam a Europa como potência na medida em que contestam a soberania nacional. Essa alergia à governança está no DNA de uma União fundada contra a ideia de poder em si."

Se essa moda francesa de desarmar a polícia pegar, a assim chamada ideologia antirracismo, criada em meados da década de 1980 pela esquerda, provará ser a ferramenta mais eficaz para desmantelar países desde a Revolução Bolchevique de 1917. Se a polícia não puder investigar nem proteger a população porque os policiais têm medo de serem chamados de racistas, a segurança de todos os cidadãos estará em perigo.

Yves Mamou, autor e jornalista radicado na França, trabalhou por duas décadas como jornalista para o Le Monde.

PUBLICAÇÃO ORIGINAL:



15 views0 comments
bottom of page