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Instabilidade política aguarda o PCC

- THE EPOCH TIMES - Ching Cheong - Tradução César Tonheiro - 19 JAN, 2022 -

Chinese Communist Party’s head Xi Jinping (center) and lawmakers stand for the anthem during the closing session of the rubber-stamp legislature’s conference at the Great Hall of the People in Beijing, China, on March 11, 2021. (Kevin Frayer/Getty Images)

Este ano, o Partido Comunista Chinês ( PCC ) será atormentado pela instabilidade política interna, já que seu líder Xi Jinping tenta garantir um terceiro mandato, se não vitalício, no 20º Congresso do Partido, marcado para o outono de 2022.


Tal movimento viola a tradição do PCC de manter o limite de dois mandatos (cada um com duração de cinco anos) da presidência, que foi estipulado no artigo 79 da versão de 1982 da constituição chinesa. Em 2018, no entanto, Xi alterou a constituição para excluir esta cláusula, que removeu a barreira legal à sua candidatura ao poder vitalício. Naturalmente, Xi certamente encontrará forte resistência de vários setores do Partido.


Vários eventos sugerem que este ano provavelmente será turbulento para Xi e o PCC.


A primeira é a misteriosa ausência do braço direito de Xi, Li Zhanshu, em uma reunião de chá na véspera de Ano Novo, uma ocasião tradicional em que os membros da alta liderança mostram sua solidariedade. Embora Li tenha reaparecido em 11 de janeiro, provando que está politicamente seguro, sua ausência ainda causou especulações de que Xi enfrenta forte oposição.


Li ocupa o terceiro lugar no Comitê Permanente do Politburo de sete membros, o órgão supremo da China. Como presidente do Congresso Nacional do Povo (APN) —legislativo “faz de conta” da China — ele foi fundamental para alterar a constituição chinesa para eliminar o Artigo 79, a cláusula que determina o limite a dois mandatos presidenciais.


A ausência de Li não foi causada por doença. Em circunstâncias normais, quando um alto funcionário não pode comparecer a uma reunião importante devido a uma doença, o comunicado diria que ele solicitou licença médica para não causar especulações. No entanto, não houve tal anúncio na ausência de Li.


A ausência de Li pode ser resultado da tentativa da facção anti-Xi de desalojá-lo, já que ele foi o principal legislador que ajudou a pavimentar o caminho para Xi manter o poder. A pressão contra Li poderia ter crescido a ponto de Xi ter que fazer algum acordo, levando à ausência temporária de Li. Esta é uma explicação plausível, pois durante a ausência de Li, havia um artigo do principal órgão de vigilância da China, a Comissão Disciplinar Central (CDC), apontando obliquamente para ele quando mencionou que “um ex-líder da província de Guizhou” ajudou seu familiar a subjugar um rival de negócios. O reaparecimento de Li em 11 de janeiro, sentado ao lado de Xi durante uma reunião de alto nível, sugere que este de alguma forma superou a pressão para destituir seu protegido.


Outra anomalia foi a retirada de Wang Shaojun da aposentadoria para servir como chefe do Escritório Central de Segurança (CSB), seu cargo anterior. O CSB é responsável por proteger todos os membros seniores do Partido e, portanto, seu chefe deve ser alguém em quem Xi confie totalmente. Ao mesmo tempo, quem tenta dar um golpe de estado tem que contar com o CSB, assim como aconteceu em 1976, quando a chamada Gangue dos Quatro foi presa. Wang já havia se aposentado em 2019, mas em 11 de janeiro reapareceu em uma conferência de líderes seniores, o que sugere que ele foi reintegrado como chefe do departamento.


Quando Wang se aposentou em 2019, Zhou Hongxu, vice-chefe de gabinete do Exército do Teatro do Norte, assumiu o cargo de diretor do CSB. Por tradição, esse posto era geralmente ocupado por pessoas de dentro do escritório. A única exceção foi em 1963, quando o fundador do PCC, Mao Zedong, ordenou que um general do exército de campo liderasse o CSB depois que ele foi forçado a reivindicar a responsabilidade por sua política fracassada em 1962, o Grande Salto Adiante, levando a mortes em massa por fome. A medida mostrou que Mao temia ser destronado depois de ser forçado a recuar da vanguarda do cenário político.


Assim, quando Xi ordenou que um general do exército de campo liderasse o CSB, isso mostrou que ele não confiava no escritório. No entanto, depois de um curto período, o ex-chefe do CSB foi chamado de volta da aposentadoria para chefiar o mesmo escritório novamente. Wang, 67, obviamente já passou da idade de aposentadoria de 60 anos. A decisão de Xi intrigou a todos e indicou algum tipo de incerteza no núcleo do PCC.


Então veio o indiciamento do ex-chefe de segurança pública Sun Lijun em 13 de janeiro. Uma das três acusações contra ele era “posse ilegal de arma de fogo”. Como vice-chefe da polícia, a posse de uma arma não é ilegal, exceto em algumas circunstâncias muito específicas, como em conferências de alto nível altamente confidenciais ou nas proximidades de líderes de alto escalão. Em tais situações, o porte de arma deve ser pré-aprovado. Assim, acusar um chefe de polícia de porte ilegal de arma sugere que Sun pode ser suspeito de pretender atentar contra a vida de Xi.


Sun devia sua ascensão política ao ex-líder do PCC Jiang Zemin. Sun era o vice-diretor do notório “Escritório 610”, uma agência semelhante à Gestapo sob o Ministério de Segurança Pública que foi criada para perseguir o grupo espiritual Falun Gong. Ele foi promovido a vice-ministro júnior quando Zhou Yongkang, um membro poderoso do Comitê Permanente do Politburo do PCC (o principal órgão de tomada de decisões), foi secretário dos Assuntos Políticos e Jurídicos Centrais do PCC, que controla a polícia, a procuradoria e os sistemas judiciais do país. Pouco depois de Xi ganhar o poder, Zhou foi condenado à prisão perpétua por sua suposta tentativa de encenar um golpe de estado contra Xi. Essa estreita conexão com Jiang e Zhou fez de Sun um alvo óbvio de Xi.

Cinco diretores/vice-diretores demitidos do “610 Office”. (The Epoch Times)

Isso é altamente plausível quando se leva em consideração o comunicado emitido pelo CDC sobre a prisão de Sun em 30 de setembro de 2021, que enumera seus crimes como os seguintes:


. Trair as “duas salvaguardas” e desconsiderar as “quatro consciências”. As “duas salvaguardas” referem-se a salvaguardar a posição de Xi como líder central do PCC e salvaguardar a autoridade centralizada do Partido. As “quatro consciências” referem-se à consciência política (o que significa colocar a política acima de tudo); consciência da situação geral; consciência de Xi como o núcleo do Partido; e consciência da necessidade de se alinhar com Xi. Esses são os slogans políticos apresentados por Xi como o padrão de lealdade entre os quadros do PCC. No léxico específico do PCC, o crime político de Sun foi sua deslealdade a Xi.


. Colocando seriamente em risco a segurança política e minando seriamente a unidade do Partido. No contexto do PCC, isso pode significar uma tentativa de golpe de estado.


. Manipular o poder para obter ganhos políticos pessoais, incluindo o envolvimento em políticas de facções.


Se o CDC considerou Sun culpado desses crimes políticos, sua “posse ilegal de arma de fogo” sugere que ele pode ter tentado assassinar Xi. A esse respeito, vale ressaltar que o CDC admitiu publicamente que havia um complô contra Xi. Em 13 de setembro de 2021, dois grandes portais de notícias na China publicaram o mesmo artigo que recapitulava um “resumo matinal” do CDC, que revelava que uma “gangue sinistra” do departamento de segurança pública intencionou atentar contra a vida de Xi.


Não é de admirar que em seu “Comando nº 1 para as Forças Militares de 2022”, um decreto emitido por Xi em sua qualidade de chefe supremo das forças armadas, ele exortou os militares a se prepararem para uma convocação bem-sucedida do 20º Congresso do Partido. Xi, em última análise, precisa confiar nos militares para garantir que sua ambição de perpetuar o poder não seja frustrada.


As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times.


Ching Cheong é graduado pela Universidade de Hong Kong. Em sua carreira jornalística de décadas, ele se especializou em notícias políticas, militares e diplomáticas em Hong Kong, Pequim, Taipei e Cingapura.


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