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Grave denúncia de corrupção no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas

10/02/2020


- THE EPOCH TIMES -

Tradução César Tonheiro



Denunciante revela como foi silenciada após expor influência chinesa na ONU

31 de janeiro de 2020 por Alex Newman


O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (sigla em inglês OHCHR) está sendo criticado depois de ter sido exposto por dar os nomes de dissidentes e ativistas de direitos humanos ao regime comunista chinês e depois perseguir a pessoa denunciante que expôs o escândalo.


Entre os alvos do regime com a ajuda do OHCHR da ONU estavam os muçulmanos uigures, ativistas pró-Tibete e outros que planejavam expor os abusos de Pequim em um testemunho nos órgãos de direitos humanos da ONU, com sede em Genebra.


Em alguns casos, os indivíduos cujos nomes foram dados ao regime foram impedidos pelas autoridades chinesas de testemunhar.


Membros da família dos envolvidos que ainda estavam na China também foram seqüestrados, torturados e, em alguns casos, mortos em detenção, segundo a pessoa denunciante e outras fontes.


Em pelo menos um caso, o dissidente identificado pela ONU foi detido antes de deixar a China e morreu sob custódia.



Agora, depois de se recusar a proteger o denunciante no caso, o sistema de justiça interno da ONU, que deveria proteger os denunciantes de retaliação, também está sendo examinado.


Críticos e analistas dizem até que é hora de uma intervenção externa.


Um juiz da ONU que deveria decidir sobre o caso, provavelmente a favor da pessoa denunciante, foi misteriosamente removido do cargo com 24 horas de antecedência.

Em entrevistas ao Epoch Times, a pessoa denunciante envolvida e especialistas no sistema de justiça interno da ONU disseram que o caso levanta sérias preocupações sobre corrupção sistêmica dentro da organização.


"A ONU não deveria facilitar a identificação de vítimas de genocídio, e isso não deveria ser uma declaração controversa", disse Emma Reilly, a denunciante envolvida. "Tudo o que a ONU precisaria fazer seria parar de entregar nomes para a China."


Em vez disso, a ONU gastou milhões de dólares defendendo essa política e demonizando a pessoa que a expôs enquanto a negava publicamente, disse ela.

"E nenhum dos oficiais responsáveis por isso jamais enfrentará a menor conseqüência", acrescentou Reilly.


Entre outras questões, Reilly e outros que falaram com o Epoch Times sugeriram que a corrupção que levou a essa última série de escândalos explosivos se espalhou pelo sistema da ONU.


Apenas intervenções externas serão capazes de limpar a bagunça, disseram eles.


Emma Reilly descobre o escândalo


No início de 2013, Reilly, uma jovem cidadã irlandesa apaixonada por direitos humanos, assumiu a responsabilidade como um elo da organização não governamental (ONG) dentro da filial do Conselho de Direitos Humanos do OHCHER. Seu chefe, encarregado da divisão, a instruiu para que os nomes dos dissidentes chineses fossem entregues ao regime em Pequim.


Naturalmente, Reilly ficou chocada.


"Eu relatei imediatamente", disse Reilly ao Epoch Times, confirmando uma longa trilha de documentos e correspondência que começaram na época.


Primeiro, Reilly relatou ao chefe da divisão superior. Quando isso falhou, ela o denunciou ao Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos na época, bem como ao Escritório de Ética da ONU.


Segundo Reilly, a resposta do chefe de ética foi "nós dois sabemos como a ONU funciona" e que "deveria usar as informações para subornar o chefe de gabinete para garantir uma promoção".


"Assim que a podridão é — profunda!", disse Reilly em uma entrevista.


Eventualmente, depois de fazer todo o possível para evitar que Pequim pusesse as mãos nesses nomes, Reilly também o denunciou a funcionários da delegação da União Europeia.

"O chefe do departamento simplesmente mentiu para eles e fingiu que isso não estava acontecendo", lembrou Reilly.


As Reações


Depois de tentar impedir o abuso e expô-lo, a vida de Reilly seria mudada para sempre.

Seguindo um padrão que se desenvolveu na ONU, ela enfrentou uma retaliação extrema.

“Fui excluída do cargo, privada de funções, transferida à força para cargos inexistentes, sem funções, difamada por jornalistas e ONGs e muito mais”, disse ela.


A certa altura, sabendo que Reilly sofre de uma condição autoimune que pode exigir atenção médica de emergência, funcionários da ONU até tentaram transferi-la à força para a Mauritânia, que não possui um sistema de saúde em funcionamento.


E toda essa retaliação foi direcionada desde o topo, disse ela.


Entre os responsáveis, Reilly nomeou o então alto comissário da ONU Zeid Raad Al Hussein, um príncipe islâmico que equiparou as táticas do presidente dos EUA, Donald Trump e outros líderes políticos ocidentais, às usadas pelo Estado Islâmico (ISIS).


Também implicada estava a vice do príncipe Zeid, Kate_Gilmore.


"Tive uma carreira estelar e fui muito respeitada na ONU até o momento em que soei apito (denunciei)", continuou Reilly. "Eu conhecia as prováveis conseqüências, mas não aguentei, eu não podia ficar parada e não fazer nada."


Por que agir?


Quanto ao motivo pelo qual Reilly decidiu agir, apesar de conhecer os riscos, para ela, era óbvio.


"Era claramente o oposto do que o escritório de direitos humanos da ONU deveria estar fazendo", disse ela.


A reportagem de Reilly sobre o escândalo levou a trocas por e-mail entre outros no escritório da ONU, discutindo se era apropriado ou não dar os nomes a Pequim.


Cerca de 20 pessoas — principalmente gestores seniores — foram copiadas nos e-mails debatendo a entrega dos nomes dos dissidentes chineses aos seus perseguidores.


Reilly era na verdade a pessoa mais jovem da lista, e a única a finalmente falar sobre isso.


No entanto, enquanto esses e-mails voavam, Reilly descobriu que o esquema já estava em andamento há algum tempo, "provavelmente desde a criação do Conselho", disse ela.


"Era, e acredito que ainda é, política", continuou Reilly, observando que em documentos judiciais, a ONU argumentou que era "irracional" ela se opor a isso.


Os documentos mostram que o Oficial de Ética da ONU designado para o caso reconheceu por escrito que Reilly acreditava que a política era contrária às regras do Conselho de Direitos Humanos da ONU, contra o princípio fundamental de “não prejudicar” no trabalho de direitos humanos e uma violação das obrigações de confidencialidade da ONU.


Mas para a ONU, era "irracional" acreditar que princípios tão elevados pudessem "superar" a possibilidade de melhores relações entre a China comunista e a ONU.


Os gestores seniores da ONU sabiam tudo sobre a transferência de nomes para Pequim, argumentou o Escritório de Ética. Como tal, não deve ser um problema tão grande, então Reilly não teria direito a proteções de denunciantes.


"Ainda não consigo entender a lógica de por que a corrupção sistêmica e a curiosa interferência chinesa são aprovadas", disse Reilly, que trabalhou com a Anistia Internacional em Hong Kong e, portanto, conhece bem os perigos enfrentados pelos dissidentes chineses.


Se ela tivesse que fazer tudo de novo, a única coisa que Reilly faria de diferente seria violar as regras e tornaria pública essas trocas de e-mails sobre o assunto imediatamente, disse ela ao Epoch Times.


O Processo Farsa


Após quase sete anos de retaliação e abuso por soar o apito, o caso de Reilly foi finalmente ouvido em junho de 2019.


"A abordagem da ONU aos denunciantes é ignorar todas as suas regras internas e todos os prazos, e prolongar a retaliação o máximo possível, na esperança de que o funcionário renuncie ou seja considerado culpado em uma investigação falsa", disse ela, ecoando as experiências de outros denunciantes da ONU que tentaram fazer a coisa certa.


Por causa da imunidade diplomática, não é possível que as vítimas processem a ONU. Isso significa que Reilly e as vítimas chinesas estavam à mercê de um tribunal da ONU no qual a própria ONU define as regras e as altera à vontade.


Para vencer no que os críticos chamam de tribunal canguru da ONU (não oficial), ela teria que provar uma quebra de contrato — não que a ONU estivesse entregando nomes de dissidentes chineses e depois espancando a pessoa que denunciou.


"O juiz ficou claramente chocado com o que estava ouvindo", disse Reilly.

Mas todo o processo foi uma farsa gigante, ela sugeriu.


“A ONU reteve evidências importantes e tentou transformar todo o caso em um debate sobre minha personalidade, como se de alguma forma fosse aceitável que a ONU se envolvesse em uma prática secreta de facilitar a identificação de vítimas do genocídio em andamento em Xinjiang, se eu , como alegado, uma vez tivesse pego um documento da mão de alguém rápido demais ”, continuou Reilly.


Incrivelmente para observadores externos, quando sinalizava que o "juiz" da ONU poderia decidir a favor de Reilly, o juiz foi retirado do caso e de seu cargo em menos de 24 horas de antecedência, para que ele não tivesse tempo para emitir uma decisão.


Apenas neste mês, o novo juiz da ONU designado para o caso emitiu uma ordem pedindo para ouvir uma lista de "testemunhas quase que exclusivamente hostis", explicou Reilly.


“Quando a ONU percebeu estar em risco de um julgamento embaraçoso que poderia revelar o encobrimento, eles removeram o juiz e designaram outro que efetivamente lhes daria uma segunda chance de rever o processo, chamando testemunhas em seu nome, mudando o foco e colocar em risco a vida e a segurança das pessoas, no sentido de que as pessoas que fizeram isso [deixaram] de gostar de mim depois que descobriram que eu as denunciei ", disse Reilly ao resumir os desenvolvimentos kafkianos.


"Esta é uma farsa total da justiça", acrescentou.


Permeado de corrupção


Obviamente, Reilly dificilmente é a primeira denunciante a receber esse tratamento da ONU.


De fato, outro denunciante de alto nível, o oficial de direitos humanos da ONU Anders Kompass, enfrentou perseguição semelhante depois de denunciar estupro generalizado de crianças africanas por tropas de "manutenção de paz" da ONU.


Os e-mails vazados revelaram mais tarde que os mais altos escalões da administração da ONU se reuniram em uma reunião secreta em Turim, na Itália, para planejar sua destruição.


Em uma carta de demissão bombástica, Kompass criticou a corrupção sistêmica e os devassos mecanismos internos de supervisão da ONU. Ele também expressou dúvidas de que a ética poderia ou jamais retornaria à ONU.


Até a ex-chefe do Gabinete de Serviços Internos de Supervisão da ONU, a subsecretária-geral Inga-Britt Ahlenius, falou sobre o caso, dizendo que ele mostrava uma "deterioração da cultura na ONU".


"Essas pessoas estavam conspirando contra o Kompass — e essas são as autoridades supremas da ONU", explicou ela em uma entrevista de 2015.


"O caso da República Centro-Africana é um sinal que mostra como a prestação de contas terá de ser exigida da ONU", continuou Ahlenius. "Não virá por conta própria."


Outra tragédia desde o início da ONU envolveu o denunciante Povel Bang-Jensen, da Dinamarca.


Ele denunciou um acobertamento da ONU sobre atrocidades soviéticas na Hungria — um escândalo que também envolveu a ONU dando nomes de testemunhas a seus perseguidores comunistas — antes de ser perseguido pela ONU sem piedade.


Eventualmente, Bang-Jensen acabou morto em um "suicídio" altamente suspeito.

Reilly disse que seu caso não era uma anomalia.


"É sistêmico", disse ela. “O sistema de 'proteção' foi projetado para falhar. Não é um caso de incompetência, mas de maldade [intenção criminosa].


Ela apontou o caso Kompass como outro exemplo.


"A investigação independente sobre o tratamento de Kompass descobriu que o príncipe Zeid o perseguira com um objetivo fixo", disse ela. "Sua busca por mim foi igualmente determinada, mas ele nunca enfrentou nenhuma conseqüência e por isso continuou a retaliar".


Reilly argumentou que era necessário um compromisso pessoal genuíno ante os responsáveis.


"E a ONU não pode continuar se policiando", disse ela, exortando o Congresso dos EUA e o governo a desempenhar um papel na garantia de proteções efetivas para os denunciantes.

"Precisa haver uma supervisão externa genuína."


Outros estados membros também devem desempenhar um papel.


"Na ausência de supervisão externa, os denunciantes são a única maneira de os estados membros descobrirem se estão ocorrendo abusos", disse Reilly. "Os Estados membros devem agir de acordo com as informações fornecidas pelos denunciantes."


Especialistas externos concordam


O advogado internacional de Genebra, Edward Flaherty, que conhece o caso em questão, mas não representa Reilly, disse que seu caso destaca problemas sistêmicos dentro da ONU que devem ser abordados.


"O caso perturbador de Emma Reilly mostra como a proteção ineficaz dos denunciantes realmente é hoje na ONU", disse Flaherty ao Epoch Times.


Reilly relatou que o aparato de direitos humanos da ONU estava secretamente entregando informações sobre ativistas de direitos humanos ao regime chinês, "resultando na detenção arbitrária e até tortura deles ou de seus familiares", contou ele.


E, no entanto, "todo órgão interno de supervisão da ONU simplesmente disse que estava tudo bem e a deixou enfrentando repetidas retaliações nas mãos de altos funcionários da ONU que duram anos".


Flaherty, que acompanhou os desenvolvimentos neste caso e trabalhou em outras denúncias relacionadas à ONU, expressou estar chocado com a decisão da ONU de remover o juiz.


"Este foi um ato claramente projetado para garantir que ele não tivesse tempo para emitir seu julgamento que, com base em um julgamento anterior envolvendo Reilly, provavelmente iria novamente contra a ONU", disse Flaherty com a Schwab, Flaherty et Associes, escritório de advocacia internacional da Suíça.


"Essa ação violou todos os princípios de independência do judiciário", continuou ele. "Mas o tribunal de apelação da ONU na semana passada carimbou a remoção do juiz, alegando que era simplesmente o fim de seu mandato, sem perguntar por que ninguém da ONU se deu ao trabalho de avisar o juiz antes de sua iminente demissão".


Independentemente de quais são as políticas da ONU, Flaherty disse que está claro que os "procedimentos internos de proteção de denunciantes" da ONU são "projetados e operados exclusivamente para proteger altos funcionários da ONU, não para determinar a verdade ou impedir abusos de poder".


Como tal, existe uma "necessidade desesperada" de supervisão externa da ONU.


Esse mecanismo de supervisão externa, concluiu ele, deve ter o poder de responsabilizar os gestores da ONU que entregam os nomes dos dissidentes a Pequim, ignoram o estupro de crianças pelas tropas de "manutenção da paz" da ONU, supervisionam a introdução pelas forças da ONU de doenças mortais, como cólera em lugares como o Haiti, apropriação indevida de dinheiro dos contribuintes ou retaliação "impiedosa" contra denunciantes como Reilly.


Depois de trabalhar em estreita colaboração com os denunciantes que expuseram crimes hediondos, outro especialista, advogado e ex-investigador interno da ONU, Peter Gallo, ecoou essas preocupações.


“A ONU fez um esforço extraordinário para deturpar os fatos, reprimir esta história e retaliar Reilly por ter relatado que o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos estava realmente — em vez de realmente defender as pessoas que realmente lutam para defender os direitos humanos — estava cooperando com governos que os abusam ”, disse ele ao Epoch Times.


A ONU, disse ele, quer ignorar o risco de pessoas na China serem torturadas ou morrerem por maus-tratos, em um esforço para garantir que a China seja eleita para o Conselho de Direitos Humanos


"Esta é uma perversão absoluta que mostra o quão inútil o Conselho de Direitos Humanos realmente é", disse Gallo, que lidera o grupo de defesa "Ouça seus gritos", apoiando vítimas de abusos da ONU.


O caso de Reilly, como o de muitos outros denunciantes antes dela, mostra “a total hipocrisia de todas as facetas do que a ONU escolhe chamar de 'sistema de justiça'”, continuou Gallo, dizendo que deveria ser um “caso que exige criteriosa investigação” para quem considera a ONU uma força para o bem no mundo.


Apontando para a remoção do juiz da ONU, Gallo a chamou de "ultrajante", acrescentando que ela ataca todos os princípios da justiça.


"É difícil levar essas coisas a sério", acrescentou.


"É importante perceber que isso não é apenas uma pequena irrelevância administrativa em uma sala dos fundos de uma burocracia cada vez mais disfuncional", concluiu Gallo. “É por isso que os funcionários da ONU em todo o mundo não relatam o número de mulheres e crianças estupradas por funcionários da ONU. É por isso que eles não denunciam a corrupção ou a extensão total dos abusos dos direitos humanos em zonas de conflito, e é assim que o resto do mundo é mantido no escuro sobre a situação de segurança em muitos desses países.”


Quando perguntado pelo Epoch Times por respostas às acusações de Reilly, o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos recusou a oportunidade de comentar.


"Dado o litígio atual sobre reivindicações associadas da Sra. Reilly, não seria apropriado que o Escritório fizesse mais comentários neste momento", disse um porta-voz do setor de mídia do OHCHR da ONU.


Não ficou claro quando, se alguma vez, o caso pode ser resolvido, ou se alguém além de Reilly pode ser responsabilizado.


Alex Newman é jornalista, educador, autor e consultor internacional premiado. Ele atua como CEO da Liberty Sentinel Media e escreve para diversas publicações nos Estados Unidos e no exterior.




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