- THE EPOCH TIMES - Frank Tian Xie - Tradução César Tonheiro - 5 OUT, 2021 -
A crescente escassez de energia na China se espalhou para Pequim e Xangai, enquanto os residentes no nordeste da China — a área mais atingida — estão estocando velas.
Ainda me lembro do inverno extremamente frio da década de 1960 em Liaoning, uma província costeira que faz fronteira com a Coréia do Norte. Nas escolas primárias locais, as salas de aula eram geladas e os alunos se revezavam para acender o fogão a lenha.
Quem teria pensado que o racionamento de energia aconteceria na China hoje? É fácil ver a Coreia do Norte nessa situação porque é muito parecido com o que a China costumava ser na década de 1960. Mas é difícil acreditar que a “segunda superpotência” do mundo precisaria racionar eletricidade. No nordeste da China, a parte mais fria do país, precisa de carvão ou eletricidade para aquecer e velas simplesmente não bastam.
Muitos analistas acreditam que as razões por trás dos cortes de energia da China são as seguintes: boicote à Austrália e suas importações de carvão, aumento dos preços do carvão, redução do carbono e proteção ambiental, economia de energia e déficit da eletricidade de preços baixos. Poucos especialistas falaram sobre as lutas internas do regime envolvendo setores de energia, abrindo caminho para aumentos de preços, a competição sino-americana, entre outras coisas.
Eu acredito que há duas razões que compelem o Partido Comunista Chinês (PCC) a racionar eletricidade, ao ponto de sacrificar a estabilidade econômica e social: manter o poder de Xi Jinping e apoiar a preparação do regime para a guerra.
Xi deseja manter o poder o máximo que puder e garantir seu privilégio internacional.
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26), sediada pelo Reino Unido em parceria com a Itália, acontecerá de 31 de outubro a 12 de novembro no Scottish Event Campus em Glasgow, Reino Unido. Xi não sai da China há mais de 600 dias. Eu acredito que ele está pronto para isso.
Ao abordar a questão do clima, Xi espera que isso melhore a imagem internacional da China e obtenha o apoio da Europa. Assim, Xi ficaria bem na frente de outros líderes mundiais se fizesse uma promessa de que a China reduziria as emissões de carbono, o consumo de energia e os níveis de poluição em um mês, a todo custo.
Esta é a razão mais superficial para os atuais cortes de energia do PCCh. Mas a outra razão é mais profunda.
A Agenda Oculta
Atualmente, os cortes de energia afetaram 20 províncias, principalmente nas regiões costeira, leste e nordeste. Em outras palavras, são todas cidades e províncias de primeiro nível. Parece que o PCCh está disposto a sacrificar as áreas mais ricas e economicamente desenvolvidas. Mas por que?
Francamente, a própria falta de eletricidade é uma mentira. De acordo com os últimos dados divulgados pelo National Bureau of Statistics (NBS): “Em agosto, a taxa de produção de carvão bruto nas indústrias acima do tamanho designado mudou de declínio para aumento; a taxa de crescimento da produção de petróleo bruto ficou estável; a taxa de produção de gás natural aumentou; e ligeiro aumento na produção de energia elétrica. Em comparação com o nível de agosto de 2019, a taxa de crescimento média de dois anos da produção de carvão bruto passou de negativa para positiva, a produção de petróleo bruto permaneceu estável e a produção de gás natural e eletricidade cresceu com rapidez.”
De acordo com dados oficiais, em agosto, 738,3 bilhões de quilowatts-hora de eletricidade foram gerados, um aumento anual de 0,2%; de janeiro a agosto, a geração de energia foi de 5.399,4 bilhões de kWh, um aumento de 11,3% ano a ano, ou um aumento de 11,6% quando comparado ao mesmo período em 2019, o que equivale a uma taxa média de crescimento de 5,7% ao ano nos últimos dois anos.
Os dados também mostram claramente que a taxa de crescimento da maioria dos setores individuais de energia — térmica, nuclear, eólica e solar — diminuiu, mas a quantidade total de geração de energia está aumentando!
A julgar pelos números entre agosto de 2020 e agosto de 2021, a geração de energia média diária em outubro de 2020 foi de 19,7 bilhões de kWh, a mais baixa em 12 meses, e mais de 4 bilhões de kWh abaixo do valor mais recente, 23,8 bilhões de kWh em agosto de 2021.
É interessante que em outubro do ano passado, quando a média mensal de geração de energia diária caiu para o nível mais baixo dos últimos 12 meses, Pequim não impôs tais restrições de energia. Mas agora, por que é necessário fazer isso depois que a produção de energia, pela mesma medida, aumentou mais de 20% em relação ao seu ponto mais baixo? Isso não faz sentido.
De acordo com o NBS, a produção de eletricidade da China no terceiro trimestre, na verdade, continuou a aumentar, apenas em um ritmo mais lento. Mas as fábricas e negócios nessas cidades e províncias de primeira linha não se beneficiaram com a produção de energia.
Então, para onde foi a eletricidade em massa da China depois dos cortes de energia em Pequim? O PCCh está escondendo algo do público?
As empresas industriais militares de terceiro nível da China são as candidatas mais prováveis para o grande consumo de eletricidade em massa. Por razões conhecidas de todos, a China transferiu sua principal produção de armas para as áreas montanhosas do centro da China. É semelhante a como os Estados Unidos escolheram Oak Ridge, Tennessee, como local para a planta piloto de plutônio e a planta de enriquecimento de urânio, no âmbito do Projeto Manhattan em 1942, devido ao seu fornecimento de energia escondido e seguro pelo rio em uma área não desenvolvida .
A grande escala e a distribuição anormal de cortes de energia têm evitado áreas com densas indústrias militares, pois a expansão da produção de armas nucleares, novas armas e outros produtos militares exigem uma grande quantidade de eletricidade.
Portanto, por que o regime tem que racionar a energia neste momento? O PCCh quer aumentar seu status internacional e se preparar para a guerra — isso mostra que o PCCh está desesperado para se manter no poder.
As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times.
Frank Tian Xie, Ph.D., é professor de administração de empresas John M. Olin Palmetto e professor associado de marketing na University of South Carolina Aiken.
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