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EUA amplia críticas à China e se oferece para financiar 5G no Brasil

- O ESTADO DE SÃO PAULO - 20 Out, 2020 -

Lorenna Rodrigues -


Em visita ao País, autoridades americanas deixaram diplomacia de lado e afirmaram esperar que o Brasil escolha empresas de outras nacionalidades para a construção da infraestrutura 5G

20 de outubro de 2020 por Lorenna Rodrigues, O Estado de S.Paulo


BRASÍLIA - Em campanha contra a presença da empresa chinesa Huawei no leilão de 5G no Brasil, os Estados Unidos estão dispostos a financiar "qualquer investimento" no setor de telecomunicações brasileiro. Em visita ao Brasil, uma delegação de autoridades norte-americanas deixou a diplomacia de lado, atacou a China e deixou claro que espera que o Brasil escolha empresas de outras nacionalidades para a construção de sua infraestrutura 5G.


“Há um equívoco de que não existe alternativa, não é o caso. Há competição lá fora, está disponível e os Estados Unidos estão prontos para financiar isso”, disse o diretor sênior interino para o Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança Nacional (NSC, na sigla em inglês), Joshua Hodges. “A China não apoia (o acesso à informação), veja o que eles fizeram com Hong Kong. Os Estados Unidos estão preocupados em como os chineses vão usar os dados e a tecnologia para assuntos de estado, não para os usuários dessa tecnologia”, completou.


A tecnologia 5G é a quinta geração das redes de comunicação móveis. Ela promete velocidades até 20 vezes superiores ao 4G. Em ambiente controlado, as redes 5G podem ter velocidades de até 1 gigabit por segundo (Gbps). Assim, permite um consumo maior de vídeos, jogos e ambientes em realidade virtual. Além disso, promete reduzir para menos da metade a latência, tempo entre dar um comando em um site ou app e a sua execução — dos atuais 10 milissegundos para 4 ms. Em algumas situações, a latência poderá ser de 1 ms, importante, por exemplo, para o desenvolvimento de carros autônomos. 


Hodges disse que os Estados Unidos querem mostrar que podem ser um parceiro de benefício mútuo para o Brasil e que quer fortalecer o País, e não “minar a soberania brasileira”, em referência aos chineses. “Diferentemente da China, não estamos aqui com ameaças, estamos oferecendo alternativas. Não estamos dizendo ‘não façam negócios com a China’, queremos encontrar outros parceiros para o Brasil e fortalecer nossa aliança com os brasileiros”, afirmou.  


Em entrevista a jornalistas brasileiros nesta terça-feira, 20, a presidente do presidente do Banco de Exportação e Importação (EximBank), Kimberly_A._Reed e a diretora da Corporação Financeira dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (DFC, na sigla inglês), SabrinaTeichman, que comandam, respectivamente, orçamentos de US$ 135 bilhões e US$ 60 bilhões, reforçaram que os recursos podem ser destinado para o financiamento de expansão de redes e compra de equipamentos 5G por empresas de telecomunicação brasileiras. “Temos dinheiro suficiente para financiar qualquer investimento neste setor”, disse Kimberly.


Como mostrou ontem o Estadão/Broadcast com exclusividade, o conselheiro de Segurança dos Estados Unidos, Robert O’Brien, que lidera a delegação, disse que se o Brasil escolher a empresa chinesa Huawei para implantação da tecnologia 5G no país, os dados do governo e de empresas brasileiras poderão ser “decifrados” pelos chineses. A frase foi dita em reunião na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), à qual o Estadão/Broadcast teve acesso. Na reunião, que teve a participação virtual de cerca de 70 empresários, O’Brien disse recomendar “fortemente” que os parceiros dos norte-americanos adotem fornecedores “confiáveis”.


“Se vocês terminarem com a Huawei na sua rede 5G, haverá ‘backdoors’ e a capacidade de decifrar quase todos os dados que são gerados em qualquer lugar do Brasil, seja pelo governo, na frente de segurança nacional, seja por empresas privadas em suas habilidades de inovar e desenvolver novos produtos”, afirmou.


Na segunda-feira, 19,  Brasil e EUA fecharam um pacote comercial com medidas para facilitar o comércio entre os países, desburocratizar a regulação e reduzir a corrupção. “É um sinal muito positivo para um acordo mais amplo entre EUA e Brasil e que, em última instância, pode levar a acordo de livre-comércio entre os dois países. Queremos fazer isso passo a passo, ter certeza de que o acordo é ótimo para o Brasil e ótimo para os estados unidos”, disse O'Brien, que tinha um encontro agendado com o presidente Jair Bolsonaro e ministros brasileiros nesta terça-feira.


Hodges afirmou nesta terça que a parceria com o Brasil vem de longa data e não tem relação apenas com os governo dos presidentes Donald Trump e Bolsonaro. Ele negou que o acordo de facilitação de comércio assinado ontem entre Brasil e Estados Unidos tenha sido acelerado por causa das eleições norte-americanas. “É uma continuação de conversas que começaram em 2019. A pandemia acelerou muitos dos esforços. Não é relacionado às eleições de forma alguma”, completou.


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