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Estranho, Muito Estranho...

HEITOR DE PAOLA - MÍDIA SEM MÁSCARA - 18 ABR, 2003


Muito estranha a onda de indignação que varreu o planeta a respeito das últimas estripulias de El Comandante. Desde comunistas convictos como Saramago, Carlos Fuentes e Ingrao, e esquerdosos petistas, como Mercadante e Gabeira, até os oportunistas de sempre como o Elio Gaspari, todos protestam. Por quê? Mais exatamente, por que agora?


Muito estranha a onda de indignação que varreu o planeta a respeito das últimas estripulias de El Comandante. Desde comunistas convictos como Saramago, Carlos Fuentes e Ingrao, e esquerdosos petistas, como Mercadante e Gabeira, até os oportunistas de sempre como o Elio Gaspari, todos protestam. Por quê? Mais exatamente, por que agora?

Mas não é isto mesmo que aquele criminoso homicida vem fazendo há 44 anos, com o beneplácito dos mesmos que ora protestam? Só falta – se é que falta – a Danielle Mitterand que, entre uma colherada de caviar e um gole de champagne cristal de ótima safra, costuma dizer que admira muito a bravura do povo cubano em resistir aos “imperialistas americanos”, mesmo às custas de passar fome! Legítima descendente de Maria Antonieta! Haja hipocrisia nas últimas quatro décadas para agora terem um surto de indignação. Pela primeira vez me surpreendo concordando com o Emir Sader, quando critica Saramago: “A atitude de Saramago dá a impressão que fosse algo novo no comportamento do governo cubano. Pode-se perfeitamente discutir e condenar (ah, pode?, que bom, desde que seja aqui, não em Havana, pois lá dá cana ou paredón) , mas não considerar que seja um elemento novo, que justificasse uma mudança de atitude em relação a Cuba, porque neste aspecto o governo cubano foi sempre coerente com sua atitude. Está aí algo que me leva a admirar o Emir, mantém seu apoio ao Comandante e sua quadrilha, com muito mais coerência comunista do que os cínicos e hipócritas que fingem se preocupar com as vítimas atuais - sim, só pode ser fingimento, já que com as demais, dezenas de milhares, nunca se importaram. Se ao menos Saramago – que exerceu as funções de censor dos colegas no desgoverno de Otelo Saraiva – anunciasse que renunciava ao comunismo, eu acreditaria. Nunca é tarde para se deixar a adolescência. Mas se não o faz, sua atitude é de uma enorme falsidade porque o que Castro faz é da essência mesmo dos regimes comunistas que precisam dar a aparência de unanimidade com a “paz dos cemitérios”. Deveria condenar também os assassinatos na China, no antigo Iraque de Saddam e na Coréia do Norte. Voltando à questão principal, por que agora? Confesso que por mais que tente não consigo entender. A tese que me parece mais verdadeira é a de Carlos Alberto Montaner (publicada aqui no MSM) de que Castro tem medo. O barco cubano estaria finalmente afundando e por isto os ratos o abandonam, como sempre o fazem, em primeiro lugar? Fidel estaria com medo porque Washington agora tem um Presidente que não hesita em defender a democracia, mesmo que para isto seja preciso guerrear, e sabe muito bem que basta meia guarnição de um porta-aviões americano para mandar Cuba pelos ares? Este é também a tese do Emir, só que de um prisma diferente. Afirma ele que Castro estaria mandando um recado a Bush para se manter afastado porque Cuba e o Vietnã foram os únicos países que derrotaram os EUA! Aí Sader descamba para dar plena justificativa à afirmação de Olavo de Carvalho de que o pensamento dele está para a inteligência humana assim como o estrume está para a haute cuisine. Talvez haja uma outra explicação que me escapa devido a ter abandonado há muito tempo o “pensamento” (sic) baseado na lógica do materialismo dialético e hoje raciocine como um ser humano.


 
MSM 18 de abril de 2003
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