- GATESTONE INSTITUTE - Richard Kemp - Tradução: Joseph Skilnik - 10 FEV, 2022 -

O colapso nas relações entre Israel e a União Soviética foi mais tarde agravado pelas vitórias defensivas de Israel contra os árabes em 1967 e novamente em 1973. Ao longo desse espaço de tempo, todas as esperanças de Israel virar um cliente soviético foram para o espaço. Exércitos árabes patrocinados, treinados e equipados pela URSS foram humilhados, assim como Moscou também o foi. Consequentemente, os soviéticos desenvolveram progressivamente uma política com o objetivo de desgastar Israel. O objetivo principal era usar o país como arma em sua luta na Guerra Fria contra os EUA e o Ocidente.
"Precisávamos incutir um ódio aos judeus em todo o mundo islâmico no melhor estilo nazista e transformar esta arma emocional em um banho de sangue terrorista contra Israel e seu principal defensor, os Estados Unidos" — Yuri Andropov, Presidente da KGB Soviética, depois Secretário Geral do Partido Comunista Soviético, conforme relatado pelo General Ion Pacepa, ex-chefe dos serviços de inteligência da Romênia.
Fora mobilizar os árabes para a causa soviética, Andropov e seus colegas da KGB precisavam seduzir o mundo democrático. Para tanto, o Kremlin decidiu transformar o conflito que buscava simplesmente destruir Israel em uma luta pelos direitos humanos e pela libertação nacional de um ilegítimo ocupador imperialista patrocinado pelos americanos. Eles começaram a transformar a narrativa do conflito da jihad religiosa, segundo a qual a doutrina islâmica exige que qualquer terra que já esteve sob controle muçulmano deve ser reconquistada para o Islã, para o nacionalismo secular e a autodeterminação política, algo muito mais palatável para as democracias ocidentais. Isso daria cobertura para uma execrável guerra terrorista, chegando até mesmo a obter amplo apoio em todos os cantos.
Para atingir seu objetivo, os soviéticos tiveram que criar uma identidade nacional palestina que até então não existia e uma narrativa segundo a qual os judeus não tinham direito à terra além de serem agressores gratuitos. De acordo com Pacepa, a KGB criou a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) no início da década de 1960, bem como orquestrou os assim chamados exércitos de libertação nacional em várias partes do mundo. Ele afirma que a Carta Nacional Palestina de 1964 foi redigida em Moscou. Este documento foi fundamental para a invenção e estabelecimento de uma nação palestina artificial.
Os detalhes das operações terroristas patrocinadas por Moscou no Oriente Médio e em outros lugares encontram-se impressos em 25 mil páginas de documentos da KGB copiados e depois contrabandeados da Rússia no início dos anos 1990 pelo arquivista sênior da KGB Vasili Mitrokhin, agora preservados no Reino Unido, no Churchill College, Cambridge.
O estatuto inicial não reivindicava a Cisjordânia nem a Faixa de Gaza para a "Palestina". Na realidade, ele repudiava explicitamente quaisquer direitos a estas terras, reconhecendo-os falsamente como territórios soberanos da Jordânia e do Egito, respectivamente. O estatuto deu preferência à reivindicação da OLP para o restante de Israel. A carta foi emendada após a guerra de 1967, quando Israel expulsou ocupantes ilegais tanto jordanianos como egípcios e a Cisjordânia e Gaza foram pela primeira vez renomeadas como territórios palestinos.
Primeiro Moscou conduziu sua campanha de modo a rotular os judeus israelenses de opressores segundo seu inventado "povo palestino" até a ONU em 1965. As investidas de qualificar o sionismo como racismo não deram certo daquela vez, mas tiveram sucesso quase uma década depois na execrável Resolução 3379 da Assembleia Geral da ONU.
Zuheir Mohsen, alta autoridade da OLP admitiu em 1977: "o povo palestino não existe. A criação de um estado palestino é apenas um meio para continuar a nossa luta contra o Estado de Israel em nome da unidade árabe... Somente por razões políticas e táticas falamos hoje sobre a existência de um povo palestino, uma vez que os interesses nacionais árabes exigem que postulemos a existência de um povo palestino distinto para se opor ao sionismo. Sim, a existência de uma identidade palestina separada existe somente por razões táticas."
Os documentos de Mitrokhin mostram que tanto Yasser Arafat quanto Mahmoud Abbas, seu sucessor no cargo de presidente da OLP, agora presidente da Autoridade Nacional Palestina, eram agentes da KGB. Ambos foram instrumentos indispensáveis nas operações de desinformação da KGB, bem como em suas campanhas terroristas.
Quanto as negociações com Washington, Ceaușescu preparou Arafat em 1978 assim: "você simplesmente tem que continuar fingindo que irá renunciar ao terrorismo e que irá reconhecer Israel, ad infinitum."
O conselho de Ceaușescu foi reforçado pelo general Vo Nguyen Giap, do regime comunista do Vietnã do Norte, com quem Arafat se encontrou inúmeras vezes: "pare de falar em aniquilar Israel e transforme sua guerra terrorista em luta pelos direitos humanos. Assim o povo americano irá comer na sua mão". (David Meir Levi, "History Upside Down: The Roots of Palestinian Fascism and the Myth of Israeli Aggression")
Na mesma linha de Arafat, seu antecessor, sua consistente rejeição de toda e qualquer oferta de paz com Israel, ao mesmo tempo em que fala de paz e patrocina o terrorismo, mostra a influência residual de seus mestres soviéticos.
Dito isto, o movimento palestino criado por Moscou, nas palavras do historiador americano David Meir-Levi, é "o único movimento nacional de autodeterminação política em todo o mundo e em toda a história mundial, a ter a destruição de um estado soberano e o genocídio de um povo como sua única razão de ser."
A campanha de Moscou foi significativamente prejudicada pela reaproximação em 2020 de Israel com vários países árabes. A lição que se tira disso é a importância da vontade política americana contra a propaganda autoritária, que levou ao revolucionário divisor de águas dos Acordos de Abraham.
No mês passado, a Assembleia Geral da ONU reafirmou sua implacável hostilidade a um de seus próprios Estados Membros. A esmagadora maioria, 125 a 8 e 34 abstenções, votou a favor de custear uma comissão de inquérito (COI) permanente, sem precedentes, do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (UNHRC) para investigar minuciosamente as alegações de crimes de guerra e abuso de direitos humanos cometidos por Israel. Os contribuintes pagarão a estratosférica quantia orçamentária de US$5,5 milhões, isto só no primeiro ano, muito acima do que o dobro da comissão do UNHRC que investiga a guerra civil na Síria.
Desde a sua criação em 2006, o conselho instaurou 32 inquéritos, nove dos quais, um terço, implicaram inteira e exclusivamente Israel. Este último do COI, porém, é o primeiro inquérito sem prazo para terminar. Ele não está sujeito a nenhum limite de tempo e a nenhuma restrição quanto ao seu alcance. Os EUA votaram contra a medida, dizendo que ela "perpetua a prática de escolher injustamente e a dedo apenas e tão somente Israel na ONU". Entre os que se abstiveram se encontrava a Austrália, cujo representante disse, com a linguagem franca e característica: "nós nos opomos ao viés anti-Israel".
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