- THE EPOCH TIMES - Sophia Lam - TRADUÇÃO CÉSAR TONHEIRO - 18 SET, 2022 -

Feng Zhenguo, ex-proprietário de uma lucrativa fábrica de móveis de madeira na província central de Heibei, na China, sofreu extorsão das autoridades ambientais e da polícia e foi forçado a vender sua fábrica para a polícia chinesa por um preço muito baixo.
“A chamada reforma e abertura do regime comunista é apenas para afrouxar as algemas ao redor do pescoço do povo chinês quando tanto seu governo quanto sua economia estão à beira do colapso”, disse Feng.
“Isso permite que você experimente um pouco de liberdade e trabalhe duro até ganhar algum dinheiro. Então, o Partido Comunista Chinês (PCC) vem pelo seu dinheiro.”
A fábrica de móveis de madeira maciça de Feng fica em Qinhuangdao, uma cidade portuária a 300 quilômetros a leste de Pequim. Ele investiu mais de 3 milhões de yuans (mais de US$ 430.000) e tinha cerca de 40 funcionários em sua fábrica, personalizando móveis de madeira maciça de alta qualidade. Mas ele foi forçado a vender sua fábrica para a polícia por apenas 400.000 yuans (US$ 57.000).
“Pensei que eu poderia realizar algo bom se realmente gostasse e fizesse com todo o meu coração”, disse Feng. Então decidiu montar o negócio, pois sempre gostou de carpintaria e bom artesanato.

No entanto, o regime comunista transformou o sonho de sua vida em um pesadelo, pedindo dinheiro dele repetidamente, citando várias desculpas e disfarces, disse Feng à edição em chinês do Epoch Times em 14 de setembro.
“De repente, entendi que, sob o domínio do PCC, nós, chineses comuns, somos como formigas, insignificantes e facilmente esmagados, não importa o quanto trabalhemos”, disse Feng.
Proteção Ambiental na China é uma 'Campanha de Extorsão'
Feng contou ao Epoch Times como as autoridades ambientais e a polícia do partido comunista estão extorquindo dinheiro dele.
Em 2016, Feng executou os vários procedimentos listados para estabelecer uma fábrica, incluindo a apresentação de um pedido de avaliação de impacto ambiental (sigla em inglês EIA), que foi o mais problemático de todos os procedimentos, de acordo com Feng.
A legislatura do partido comunista afirma em seu site oficial que o EIA é “um sistema legal obrigatório que determina se um projeto de construção pode prosseguir”. O departamento local de ecologia e meio ambiente realiza a avaliação de um projeto de construção, após o qual será submetido um relatório para aprovação sobre a escolha do local do projeto, o impacto no meio ambiente e as medidas preventivas a serem tomadas. Uma empresa não pode operar sem a aprovação do departamento de ecologia e meio ambiente.
Mas, na realidade, o EIA realmente facilita a extorsão constante pelo departamento de meio ambiente que supervisiona o processo de avaliação, de acordo com Feng.
“Por exemplo, o departamento de ecologia e meio ambiente designa um determinado fornecedor de produtos de proteção ambiental. Você tem que comprar deste fornecedor. Para um equipamento de proteção ambiental que vale um pouco mais de 100.000 yuans (US$ 21.000), esse fornecedor pode vendê-lo por 400.000 yuans (US$ 57.000) a 500.000 yuans (US$ 71.000)”, disse Feng.
Esta é apenas uma das maneiras pelas quais a agência ganha dinheiro com as empresas que solicitam EIAs, observou ele.
“Eles também designam um empreiteiro para construção e uma empresa de autorizada para revisão na conclusão”, disse Feng.
Em sua cidade, o chefe da empresa autorizada era ex-diretor adjunto do departamento de ecologia e meio ambiente, disse Feng.
“O vice-diretor alega que foi licenciado sem remuneração, o que é uma farsa”, disse Feng.
A agência e a empresa de aceitação conspiraram entre si para forçar os empresários a pagar mais pelo equipamento e espera-se dinheiro extra para garantir a aprovação da avaliação.
Feng disse que teve sorte, depois de gastar várias centenas de milhares de yuans, que passou na avaliação e conseguiu iniciar a produção.
“Muitas pessoas foram obrigadas a demolir suas fábricas por não conseguirem passar na avaliação e faliram. Alguns cometeram suicídio por causa disso”, disse Feng.
Depois que ele passou na avaliação, funcionários do departamento de ecologia e meio ambiente foram à sua fábrica regularmente – várias vezes por mês. “Eles enviaram pessoas diferentes com alegações diferentes. Nunca conseguimos atender às suas necessidades porque o objetivo deles era extorquir dinheiro”, disse ele.
Certa vez, o vice-diretor, também chefe da empresa de aceitação, disse a ele: “Nossa cota de multas para este ano é de 3 milhões de yuans (US$ 429.559), que devemos cumprir”.
Além dos pagamentos regulares, Feng precisava se preparar para despesas inesperadas.
Por exemplo, apenas alguns meses depois de iniciar a produção, ele teve que instalar um novo conjunto de equipamentos de proteção ambiental, pois o departamento de ecologia e meio ambiente tinha um novo diretor, que disse que seus equipamentos não estavam qualificados e precisavam ser renovados.
Ele não teve outra escolha a não ser obedecer, pois tinha que continuar com seu negócio, no qual já havia investido milhões naquela época.

“A proteção ambiental do PCC é uma campanha para conseguir dinheiro. Não é para a proteção de longo prazo das empresas ou do meio ambiente”, lamentou Feng.
Perseguido por crença religiosa
Feng e sua esposa, Han Yanjing, acompanharam sua filha a Vancouver para estudar em 2019. Lá, um amigo de sua cidade natal levou Han à igreja.
Han então voltou para a China no início de 2020, pouco antes do início da pandemia em Wuhan, para cuidar da operação diária da fábrica, enquanto Feng ficou no Canadá com a filha.

Han foi a uma igreja familiar na cidade de Qinhuangdao várias vezes com um funcionário, mas por esse motivo passou a ser alvo da polícia local.
Zheng Shiyong, um policial da Delegacia de Polícia de Haiyang em Qinhuangdao, começou a visitar a casa de Feng. Ele veio ao encontro de Han, dizendo a ela que alguém a havia denunciado por participar de um “culto ilegal”. Ele disse que o chefe de polícia não a denunciaria a autoridades superiores enquanto ela estivesse disposta a pagar.
Han lhe deu 5.000 yuans (US$ 715).
Vários dias depois, Zheng voltou novamente com o chefe da polícia à casa de Han. Desta vez, um gazebo de madeira feito à mão em seu pátio chamou a atenção do chefe da polícia. Ele pediu a Han que fizesse um para ele a preço de custo.
Han sabia a real intenção dele, então ela disse: “Se você gosta, é só pegar”. O chefe da polícia mandou retirar o gazebo alguns dias depois.
Negócio rentável
Feng alugou um terreno de 1,58 acres (6,4 mil m2) no qual construiu uma oficina com uma área de 0,74 acres (3 mil m2).
“Eu considerava a fábrica como uma criança querida”, disse Feng, “eu tinha um desejo ardente por um futuro brilhante”.
Ele se dedicou à operação, fabricação e planejamento com muito cuidado. A cada ano, ele realizava um novo plano de metas de vendas, número de funcionários e escala de produção.
Ele posicionou seus produtos para serem exclusivamente de madeira maciça pura e de alta qualidade, projetados e feitos de acordo com os requisitos dos clientes.
“Na verdade, minha fábrica era muito lucrativa. Personalizamos móveis de madeira maciça de alta qualidade para quem planejava atualizar a decoração da casa. Na cidade de Qinhuangdao, minha marca 'Mu Jia' estava em condições de definir preços para móveis de alta qualidade. Eu não queria competir com produtos de baixo custo”, disse Feng com orgulho.
Seus produtos foram bem recebidos no mercado. Certa vez, em uma exposição de decoração e materiais de construção, seus produtos eram tão populares que seus funcionários de vendas estavam todos ocupados atendendo ligações de clientes e fazendo pedidos. Seus clientes vinham de Xinjiang, no oeste da China.
Seu rosto brilhava de felicidade ao recordar aquele período de tempo. “Fiquei muito orgulhoso porque pude oferecer oportunidades de trabalho para cerca de 40 pessoas que trabalhavam comigo”, disse Feng.
Negócio saqueado por míseros US$ 57.274
Mas após as visitas da polícia, Feng sentiu que não era mais seguro administrar o negócio. Então ele disse a sua esposa para vendê-lo.
Um comprador em potencial ofereceu 2,8 milhões de yuans (US$ 400.000) pela planta, mas Feng estava relutante em vendê-la a esse preço, pois seu investimento total havia excedido 3 milhões de yuans e a fábrica estava gerando um bom lucro.
Mas depois dessa oferta, ninguém os contatou com outra oferta.
Eles decidiram entrar em contato com a pessoa que fez a oferta, mas o homem disse: “não podemos comprar sua fábrica, porque alguém da delegacia a quer”.
Depois de algum tempo, um homem chamado Zhang Jian lhes ofereceu 400.000 yuans (US$ 57.274) pela planta. Zhang ameaçou-os de que um preço ainda mais baixo seria oferecido caso não aceitassem a oferta.
Feng e sua esposa decidiram vender a fábrica para Zhang, embora os US$ 57.274 não chegassem nem perto de cobrir seu investimento.
Mais tarde, o casal soube que Zhang representava Han Jiajun, um oficial da Delegacia de Polícia de Haiyang.
A polícia continuou a extorquir dinheiro
Depois de vender a fábrica, Han encontrou um emprego com um amigo. O casal não esperava que a polícia os chamasse novamente para pedir dinheiro.
Zheng Shiyong, o policial que acompanhou seu chefe para pegar o gazebo no quintal de Han, ligou para Han antes do Ano Novo Chinês em 2021 e disse: “Não podemos mais encobrir seu problema da última vez [Han frequentava para a igreja da família]. Temos que nos reportar aos nossos superiores.”
Desta vez, Han não tinha nada para pagá-los, de modo que ela fugiu para o Canadá e se juntou ao marido e à filha quando a China suspendeu suas restrições de viagem.
O Epoch Times ligou para a Delegacia de Polícia de Haiyang em 15 de setembro para se manifestar, mas a polícia se recusou a comentar.
Acabe com o PCC
Feng agora está aproveitando a vida como carpinteiro no Canadá, onde se sente muito feliz.
“Sinto-me muito mais confortável trabalhando como carpinteiro comum no Canadá do que como patrão na China”, disse ele.
“O punho de ferro do PCC continuou batendo em mim quase todos os dias, e eu não consegui dormir bem durante aqueles anos em que tive minha própria fábrica na China”, disse ele.
Ele agora percebeu que as empresas privadas na China são como “cebolinhas”, um termo usado pelos cidadãos chineses para descrever coisas fáceis de cultivar, mas sujeitas “a cortes ou colheitas”.
“Depois que ficamos ricos com nosso trabalho duro, o PCC está lá para ceifar”, disse Feng.
Ele disse que o PCC há muito trata o povo chinês dessa maneira. Nos primeiros anos, quando o PCCh começou a existir, ele roubou a riqueza dos fazendeiros ricos e depois os matou. E então, quando chegou ao poder, o PCC continuou matando o povo chinês durante todo o seu reinado.
Liberdade de crença
Depois de tomar a decisão de deixar a China, Feng diz que sua família agora desfruta de liberdade de crença no Canadá. Ele disse que espera que o povo chinês na China um dia também desfrute da liberdade.
“Meu avô me disse quando eu era jovem que o PCC é muito, muito ruim e uma organizada gangue de bandidos”, disse Feng.
Em 20 de agosto, em um comício em Vancouver pedindo o fim do PCC, Feng compareceu ao comício vestindo uma camiseta na qual estava impressa a seguinte frase em chinês e inglês: “Destrua o PCC, construa um novo país democrático."
Lin Cenxin e Chang Chun contribuíram para o artigo.
Sofia Lam ingressou no Epoch Times em 2021 e cobre tópicos relacionados à China.
ORIGINAL >
