- MISES BRASIL - Patrick Barron - 9 ABR, 2014 -

Atualmente, todas as nações tratam as pessoas, as empresas e os recursos naturais dentro de suas fronteiras como se fossem propriedades do estado. Alguns recursos, como petróleo e minerais, são de fato propriedade de vários governos nacionais.
Mesmo naqueles países em que há vários recursos naturais em mãos privadas, como nos EUA, o governo controla todos os importantes aspectos das indústrias destes setores, com uma apertada regulação. Como resultado, quando ocorrem contendas internacionais, esses governos utilizam seus cidadãos inocentes como ativos de guerra para proteger os interesses dessas empresas reguladas.
Simultaneamente, os governos belicistas proíbem todas as empresas privadas nacionais de praticarem transações comerciais com os cidadãos do outro país que está sendo atacado. O intuito destas sanções é punir o governo inimigo, mas, na prática, os maiores punidos são os cidadãos inocentes.
Ademais, nenhuma compensação é oferecida pelos prejuízos e pelas perdas comerciais sofridas pelas empresas inocentes.
Essas sanções jamais conseguiram atingir o objetivo de deixar os governos estrangeiros de joelhos; elas lograram apenas agravar a questão que está sob disputa.
Por exemplo, após a ocupação russa da Criméia, a Rússia ridicularizou a reação instintiva e automática dos EUA e da Europa de congelar algumas contas bancárias russas e de negar a determinados russos o direito de viajar até o Ocidente. Duvido muito que alguém realmente acreditou que essas penalizações econômicas iriam funcionar como almejado; tudo não passou de jogo de cena apenas para mostrar ao mundo — e ao governo russo — que o Ocidente estava "fazendo alguma coisa".
Tais ações, aliás, serviram apenas para agravar a situação. A Rússia agora ameaça retaliar cortando o fornecimento de gás natural aos seus consumidores da Europa Ocidental. Ao contrário das simplórias ações dos EUA e da Europa, essa ameaça russa tem sua eficácia, pois, como bem disse recentemente o Ministro de Energia da Alemanha, Sigmar Gabriel, "não há alternativa sensata" à importação de gás da Rússia.
Não sabemos se essa crise na Ucrânia poderia ter sido evitada. Porém, analisemos algumas políticas que podem evitar, ou ao menos atenuar, outras possíveis crises semelhantes.
Livre comércio
A centelha que inflamou a anexação russa da Criméia tem suas raízes no livre comércio — ou melhor, na ausência dele. A oposição ucraniana era contra a participação do país em um mercado comum, porém restrito, com a Rússia. Ela defendia que, em vez de um mercado comum com a Rússia, o país se juntasse à União Europeia.
O presidente da Ucrânia, Victor Yanukovych, vinha há meses dando a entender que estava negociando um acordo com a União Europeia. E então, repentinamente, ele deu uma guinada radical e anunciou que o país iria aderir a uma união aduaneira com a Rússia.
A subsequente fúria da maioria dos ucranianos acabou levando à derrubada do governo de Yanukovych, à determinação dos revolucionários de se juntar à União Europeia, e à tomada russa da Criméia. Será que tudo isso poderia ter sido evitado?
A União Europeia de fato promete livre comércio, mas apenas dentro de suas fronteiras. A União impõe cotas e tarifas de importação para produtos de fora da UE. Sendo assim, o impacto sobre a Rússia de a Ucrânia se tornar membro da União Europeia seria similar ao impacto que ocorreria sobre os EUA caso o Canadá se juntasse à UE e saísse do NAFTA (ignoremos aqui o fato de que o NAFTA é um falso acordo de livre-comércio entre EUA, Canadá e México).
O importante comércio americano com o Canadá seria substancialmente reduzido e isso geraria desastrosas consequências para ambos os países.
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