- GATESTONE INSTITUTE - Gordon G. Chang - Tradução: Joseph Skilnik - 8 ABR, 2022 -

Em 25 de março, as Ilhas Salomão anunciaram que estavam "expandindo" as disposições de segurança, "diversificando a parceria da segurança do país, incluindo a China".
O anúncio foi defensivo. No dia anterior, opositores do pacto de segurança com a China vazaram o que foi considerado o "rascunho" do acordo. O governo do primeiro-ministro Manasseh Sogavare não confirmou a autenticidade do documento vazado, mas observadores acreditam que a intensão dele é que ele seja definitivo. A Austrália manifestou "grande preocupação", confirmando a autenticidade do rascunho.
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O pacto, intitulado "Esboço do Acordo entre o Governo da República Popular da China e o Governo das Ilhas Salomão sobre Cooperação de Segurança", destaca uma tendência preocupante: a China, após árduos anos de empreendimentos comerciais, diplomáticos e militares, está abocanhando o Pacífico.
Pequim está avançando de grupo em grupo de ilhas e em breve o poder de fogo do Exército Popular de Libertação da China poderá alcançar o Havaí.
Cleo Paskal, da Foundation for Defense of Democracies, salientou ao Gatestone Institute que o esboço do Acordo foi uma "decisão unilateral de Sogavare". "Não houve nenhuma consulta pública", ressaltou ela.
O acordo de cinco anos, sujeito a renovações automáticas, permitirá que Pequim use as ilhas para estacionar militares e na prática fazer o que os generais e almirantes chineses anseiam. A "China", segundo afirma o pacto no Artigo I, "poderá, de acordo com suas próprias necessidades e com o consentimento das Ilhas Salomão, fazer visitas navais, realizar reabastecimento logístico, escala e transição nas Ilhas Salomão e as forças da China poderão ser usadas para proteger a segurança do destacamento chinês e projetos de vulto nas Ilhas Salomão."
Se for implementado em sua plenitude, o Esboço do Acordo dará à China condições de cortar rotas marítimas e conexões aéreas entre EUA e Austrália, aliada do tratado, e a parceira Nova Zelândia.
Por décadas a fio Washington permitiu que Canberra e Wellington gerissem as Ilhas Salomão e a sua vizinhança e ambas as potências ocidentais, por meio de uma mistura de negligência e condescendência, permitiram que a China fizesse expressivas incursões na região. Pequim, por meio da mala preta agora escancarada publicamente, o governo de Sogavare, na prática come na mão da China.
Não causa espécie que Sogavare cumpre as ordens de Pequim. Ele trocou o reconhecimento diplomático de Taipei por Pequim em 2019 e, em casa, escancarou as portas para o investimento chinês.
O primeiro-ministro também administrou mal o país, por exemplo, marginalizou a ilha mais populosa do país, Malaita e ameaçou seu primeiro-ministro, Daniel Suidani. Suidani se opôs resolutamente à aquisição chinesa das Ilhas Salomão, colocando sua vida em perigo.
Em novembro, o desgoverno de Sogavare resultou em motins que resultaram em mortes na capital de Honiara, na ilha de Guadalcanal, onde 1.600 americanos morreram entre 1942 e 1943 na luta pela libertação da ilha do controle japonês.
Em novembro a Austrália enviou policiais e tropas para que a ordem fosse restabelecida e assim salvar o governo de Sogavare, que então parecia estar à beira do abismo. A equivocada intervenção de Canberra facilitou as coisas para Sogavare que então, em fevereiro, convidou a polícia chinesa a intervir. A presença de Pequim solidificou o poder de Sogavare.