- O ESTADO DE SÃO PAULO - 20 AGO, 2021 - Neal E. Boudette, The New York Times -

'Aconteceu tão rápido': por dentro de um acidente fatal com o piloto automático da Tesla
Um acidente de 2019 na Flórida destaca como brechas no sistema de assistência ao motorista da Tesla e distrações podem ter consequências trágicas
George Brian McGee, executivo financeiro na Flórida, estava a caminho de casa, dirigindo um Tesla Model S funcionando no piloto automático (autopilot), um sistema que pode controlar a direção do carro, frear e acelerá-lo sozinho, quando deixou cair o celular durante uma ligação e se abaixou para procurar o aparelho.
Nem ele, nem o piloto automático perceberam que a estrada estava terminando e o Modelo S ignorou uma placa de pare e uma luz vermelha piscando. O carro bateu em um Chevrolet Tahoe estacionado, matando uma universitária de 22 anos, Naibel Benavides.
Este é mais um do crescente número de acidentes fatais envolvendo carros da Tesla operando no piloto automático. Mas o caso de McGee é incomum porque ele sobreviveu e contou aos investigadores o que havia acontecido: ele se distraiu e confiou em um sistema que não viu, nem freou ao se deparar com um carro estacionado à sua frente. Os motoristas de veículos da Tesla que usavam o piloto automático em outros acidentes fatais, na maioria dos casos, morreram, deixando os investigadores com a tarefa de reunir as informações dos dados armazenados e vídeos gravados pelos carros.
“Eu estava dirigindo e deixei meu celular cair”, disse McGee a um policial que estava cuidando do caso, de acordo com uma gravação de uma câmera corporal no uniforme de um policial. “Eu olhei para baixo, passei pela placa de pare e bati no carro do cara.”
As declarações de McGee aos investigadores, o relatório do acidente e os arquivos do tribunal pintam um quadro trágico do excesso de confiança na tecnologia. Eles também sugerem fortemente que o piloto automático falhou em uma função básica - frenagem automática de emergência - que os engenheiros desenvolveram anos atrás. Muitos carros mais novos, inclusive modelos muito mais baratos e menos sofisticados que os da Tesla, podem diminuir a velocidade ou parar o carro quando um acidente parece provável.
Na segunda-feira, a Administração Nacional de Segurança do Tráfego Rodoviário (NHTSA, sigla em inglês) disse que abriu uma investigação formal a respeito do piloto automático. A agência disse estar ciente de 11 acidentes desde 2018 envolvendo automóveis da Tesla que colidiram com carros da polícia, dos bombeiros e outros veículos de emergência com luzes piscando estacionados em estradas e rodovias. Em um deles, um Tesla colidiu com um caminhão de bombeiros em dezembro de 2019 em Indiana, matando um passageiro do veículo e ferindo gravemente o motorista.
Dirigir distraído pode ser fatal em qualquer carro. Mas especialistas em segurança dizem que o piloto automático talvez encoraje a distração induzindo as pessoas a pensar que seus carros são mais capazes do que elas. E o sistema não inclui dispositivos de segurança para garantir que os motoristas estejam prestando atenção na estrada e possam retomar o controle se algo der errado.
A Tesla, a fabricante de automóveis mais valiosa do mundo, e seu CEO, Elon Musk, descrevem o piloto automático de seus carros como uma forma de tornar a direção mais fácil e segura.
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