- HEITOR DE PAOLA - MÍDIA SEM MÁSCARA - 6 DE NOVEMBRO DE 2004 -
Com a frase título o Presidente George W. Bush colocou em três palavras, no seu discurso de vitória, o sentido mais profundo da democracia americana: regularmente – o mais amiúde possível - dar a palavra ao povo para que expresse sua opinião sobre os governantes. Sua re-eleição coroou 216 anos ininterruptos de 55 eleições presidenciais, desde a memorável eleição de George Washington, o primeiro Presidente de uma Nação escolhido pelo povo em toda a história da humanidade.

And the Star-Spangled Banner
in triumph shall wave
O'er the land of the free
and the home of the brave!
Também em nenhum outro País ou época houve tal estabilidade, com eleições até mesmo durante guerras, civil ou externas. A América falou – o maior contingente eleitoral de toda a história - e disse, em números (ainda faltando alguns ajustes): Bush – 59.117.523 – 51,07% - Venceu em 30 Estados Kerry – 55.554.584 – 48% - Venceu em 20 Estados Diferença – 3.562.939 – 3,07% No Colégio Eleitoral – 286 x 252 (Os sete votos de Iowa foram aqui computados para Bush por já estar terminada a apuração com a vitória de Bush, segundo FoxNews, CNN e New York Times, faltando o anúncio oficial).
Além de ter recebido a maior votação da história dos pleitos presidenciais, o Partido Republicano conquistou maioria no Senado e ampliou a da Câmara de Representantes: Senado – 55 Rep. x 44 Dem. + 1 Ind. (antes: 48 R x 51 D + 1 Ind.) Câmara – 231 Rep. x 200 Dem + 1 Independente [faltam decidir 3 cadeiras] (antes: - 227 R x 205 D + 1 Ind.) Governos Estaduais após este pleito, com 11 disputados: 28 Rep. x 22 Dem. Em termos quantitativos uma vitória por maioria absoluta, sem máculas, completa e incontestável! Nem mesmo os problemas de apuração, tão anunciados, ocorreram: o resultado saiu em pouco mais de 12 horas! O que dirão agora aqueles que, em 2000, consideraram Bush um Presidente ilegítimo pelos problemas havidos na Florida – embora a Associação de Jornalistas do Estado tenha continuado oficiosamente a recontagem na qual a diferença pró-Bush foi maior ainda – e também por ter perdido nos votos populares – numa demonstração de total ignorância da Constituição Americana (ver meu artigo O Processo Eleitoral Americano)? E agora Josés? Principalmente se compararmos que em 2000 Bush era apenas um ex-Governador do Texas e filho de ex-Presidente, e agora foi duramente testado por quatro anos! Não tenho ilusões de que os Josés nada dirão quanto à legitimidade de mais de 3.5 milhões e meio de votos.
ANÁLISE QUALITATIVA INICIAL
Qualitativamente, no entanto, a América disse muito mais! A América disse não à radicalização esquerdista que imperou no Partido Democrata, com a escolha de um Candidato que, mesmo sendo um Veterano, se opôs à Guerra do Vietnã, expondo seus compatriotas prisioneiros de Guerra à sanha assassina dos comunistas. Com isto afastou seus eleitores conservadores e centristas, como já acontecera com McGovern. Até mesmo o Líder Democrata no Senado, Tom Dashle, não foi re-eleito, perdendo a vaga para um Republicano pela primeira vez. Os democratas que conquistaram lugares no Congresso o fizeram com base em plataformas relativamente conservadoras. Disse não à manobra Democrata de transformar os conflitos do Afeganistão e do Iraque em novos Vietnãs. Não se deixou enganar porque as situações são radicalmente diferentes: se a América se cansou de uma guerra interminável num País que nunca atacara os EUA diretamente e não entendia porque seus filhos deviam morrer lá – embora as razões fossem, a meu ver, válidas –, entendeu perfeitamente a necessidade de uma luta incansável contra o terrorismo, onde quer que se encontre – pois a América foi ferida diretamente em 11 de setembro - e reagiu! Os Democratas não entenderam este sentimento e tentaram uma jogada em que foram fragorosamente derrotados. Não entenderam que além de ser the land of the free, a América também é the home of the brave, como diz o seu Hino! Disse não às tentativas da “comunidade internacional” de manipular suas políticas interna, externa e de segurança; disse não aos inimigos europeus travestidos de aliados, França e Alemanha, a primeira salva duas vezes pelas armas Americanas da invasão de seu território pela segunda – ocupação com a qual souberam colaborar muito bem! Disse não, sobretudo à famigerada ONU e seu arrogante Secretário Geral e às inúmeras ONGs que desejam acabar com a América como ela é; mostraram que a defesa e a segurança da América não podem ser decididas por votações de outros países, alguns seus inimigos confessos e que abrigam terroristas, como a Síria e a Líbia, na ocasião. Como já advertia Alexander Hamilton em 1787 (devemos nos precaver dos adversários) chiefly from the desire in foreign powers to gain an improper ascendant in our councils! Rejeitou, assim, a invasão de suas fronteiras políticas e culturais por outros num movimento travestido da bela palavra “multilateralismo”. Particularmente, por indivíduos sórdidos como Georges Soros – que está tão desolado que anunciou a retirada do seu blog do ar – cujo principal interesse é a legalização das drogas para tomar para si este mercado gigantesco da morte! A América disse sim aos seus valores tradicionais, morais, religiosos e econômicos, dizendo não ao casamento gay, em todos os onze Estados em que Emendas neste sentido foram votadas pelo povo, inclusive naqueles em que Kerry ganhou, como Michigan e Oregon! E disseram não às leis liberalizantes do aborto, re-elegendo um Presidente campeão da campanha contra. Tanto os eleitores democratas quanto os republicanos votaram a favor de várias propostas republicanas ou conservadoras em diversos referendos. Os resultados por distritos eleitorais (precincts) em Ohio evidenciam que foi nos rurais que Bush conquistou sua vitória no principal battleground state deste ano. E foi assim nos demais Estados em que a diferença foi pequena. Foram os americanos que constroem o País com suas próprias mãos que lhe deram a vitória, não os intelectuais da Costa Leste. Os Democratas de lá, cuja visão não ultrapassa muito as fronteiras acadêmicas de Massachusetts, não se deram conta de que o último de seus candidatos “aristocráticos” a ser eleito foi John Kennedy. Depois dele só ganharam com os “matutos” Carter, da Geórgia, e Clinton, do Arkansas, que sabiam como Bush falar a linguagem simples do povo do que aqui chamamos grotões. O mesmo erro de perspectivas levou os candidatos Edwards e Kerry a mencionarem a filha lésbica de Cheney, o que certamente ofendeu muitos Americanos não treinados nas artes do politically correct. O registro de aproximadamente 10 milhões de novos eleitores, muitos jovens, animou os Democratas porque eles achavam que detinham o monopólio da juventude. Pois se enganaram redondamente! Nem mesmo a tentativa de imputar aos Republicanos a idéia esdrúxula de ressuscitar o draft, a convocação militar obrigatória, os enganou. Sobretudo, como bem o disse Amity Shlaes, do Financial Times, “essa vitória derrubou algumas das premissas que dominaram o ano eleitoral, entre elas a idéia de que a direita americana é basicamente marginal e desprezível. E (a vitória de Bush) é uma vitória (da direita) que foi conquistada em três frentes: da política externa, da política social e da econômica". A primeira pesquisa pós-eleitoral, realizada pela insuspeitíssima CNN, indicou que 51% dos entrevistados estavam satisfeitos com os resultados; 39% estavam desolados. 57% pensam que Bush unirá a Nação; 39% que desunirá ainda mais. 74% consideraram a vitória fair and square; compare-se com este último resultado em 2000: 48% apenas a acharam legítima. 33% se disseram otimistas com o segundo mandato, 23% entusiasmados, somando 56%! 24% se disseram amedrontados e 18% pessimistas, somando 42%. CONGRATULATIONS, MR BUSH! FOUR MORE YEARS! GOD BLESS YOU AND AMERICA!