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A AGRESSÃO ESTRANGEIRA É O PRÓXIMO PASSO PARA A CHINA?

11/12/2019


- THE EPOCH TIMES -

Tradução César Tonheiro




Uma economia em declínio e instabilidade crescente podem levar a liderança da China a se aventurar no exterior como uma saída para sua crise de legitimidade.


11 novembro 2019 por James Gorrie


O Partido Comunista Chinês (PCC) está em crise. Isso pode parecer um exagero, mas não é. O Partido está enfrentando os maiores desafios à sua liderança desde a Praça da Paz Celestial, em 1989. De fato, os riscos para a legitimidade do Partido são ainda maiores hoje, porque o Partido pode contar com níveis crescentes de exportações para o Ocidente e investimento direto dele. Esse não é mais o caso.


A guerra comercial está ajudando a revelar e exacerbar algumas das profundas fissuras que existem no relacionamento entre o povo chinês e sua liderança. Essas brechas de insatisfação estavam lá muito antes da chegada de Trump, mas à medida que se acentuam, elas representam conseqüências potencialmente explosivas para a China e sua liderança.


Insatisfação com o Partido Comunista prejudica a lealdade do Partido


Essas brechas certamente não são apenas sobre Hong Kong ou mesmo Taiwan, embora sejam fatores definitivos. Mais concretamente, é a profunda alienação que grande parte da população chinesa continental sente em relação ao Partido, que é a clara e atual ameaça à estabilidade doméstica. Ademais isso não é segredo na China; todo mundo sabe disso.


O PCCh certamente entende sua posição agora tênue na mente de seus súditos. Em seu discurso ao Congresso Nacional em março deste ano, o primeiro-ministro chinês Li Keqiang reconheceu isso em termos incomumente francos, dizendo que "a instabilidade e a incerteza estão aumentando visivelmente e os riscos gerados externamente estão em ascensão". Ele também admitiu que os problemas da China são "de um tipo raramente visto em muitos anos".


Assim, o Partido enfrenta crescente insatisfação do público em várias frentes, não apenas na economia, embora isso seja enorme, uma vez que o crescimento econômico é central para a reivindicação da legitimidade política do Partido. Críticas adicionais incluem corrupção estatal desenfreada, como roubo de propriedades e empresas, poluição descontrolada, serviços sociais precários, incluindo assistência médica e benefícios de desemprego, além de muitas outras queixas.


A "cura" do Partido para o que aflige o país, no entanto, pode ser tão ruim, se não pior, quanto a doença.


Poder a qualquer custo é a prioridade do PCC


Algumas pessoas ainda podem acreditar que o crescimento econômico é a principal prioridade do Partido, mas não é. Permanecer no poder é a principal prioridade do Partido, e conter instabilidade interna é a chave para fazê-lo. Proporcionar crescimento econômico contínuo é o coração desse esforço há décadas. Mas isso não está mais acontecendo.


A trajetória da economia da China, pelo menos no curto prazo, permanece em queda. Essa realidade está apenas acelerando os problemas da China, bem como a deterioração da reputação do PCC. Isso explica a expansão do controle estatal sobre a população por meio de seu "sistema de crédito social", que inclui crescentes poderes de vigilância e punição.


Pode ser também por isso que, após 40 anos de governo do Partido por consenso, o Partido permitiu a Xi Jinping assumir o manto do líder supremo, um papel que Mao Zedong ocupou pela última vez. Eles podem ter decidido que uma personalidade poderosa e carismática gerará mais lealdade do que um conselho fleumático de anciãos sem rosto sem personalidade.


Mas esse movimento também traz sérios riscos. Consolidar o poder nas mãos de uma pessoa é, por definição, um fator desestabilizador. Os canais de informação e os processos de tomada de decisão são reduzidos, a paranóia política nubla a perspectiva e a autopreservação pode custar o bem maior. Exemplos históricos dos excessos perigosos de governo de um homem são abundantes e recentes.


Além disso, recorrer às antigas formas de criar "crescimento econômico" por meio de desenvolvimento redundante também será inútil. Distorce ainda mais os preços e desencadeia bolhas sem gerar benefícios econômicos contínuos. Construir mais estradas para lugar nenhum e cidades vazias não revitalizará a economia da China.


A opressão irá diminuir o PIB da China e aumentará a instabilidade


Além disso, a alegação do Partido de que apenas ele pode guiar a China para um futuro próspero, embora admitindo que as coisas estão piorando, é uma pílula difícil para o público engolir. Sem dúvida, é um esforço para reunir a paciência e o apoio contínuos do público ao Partido. Mas ordenar níveis ampliados de controle sobre a economia e maior opressão da expressão política e religiosa diante das condições deterioradas também não aumentará o PIB.


A realidade é que, à medida que o impacto da guerra comercial com os Estados Unidos se aprofunda e se espalha pela economia, as condições continuam a declinar. A abordagem totalitária do PCC levará apenas a uma maior instabilidade, gerando mais agitação, não menos. O Partido se encontra em uma espiral descendente viciosa.


Cartada agressiva ao estrangeiro


Conforme observado em posts anteriores, a iniciativa chinesa “Belt& Road” (BRI, também conhecido como Faixa e Estrada) fez parte do esforço da China para expandir sua presença econômica, política e cultural. Mas ainda não entregou os recursos e o crescimento econômico necessários para compensar os atuais desafios econômicos. A manipulação de dados do PIB para consumo público não será suficiente para mudar a realidade no terreno.


À medida que as condições piorarem, o Partido certamente apelará ao nacionalismo chinês contra os Estados Unidos, comumente retratado como um estrangeiro nefasto e intrometido. É isso que torna Hong Kong e Taiwan bastante convenientes e poderosas ferramentas de propaganda. Considere, por exemplo, que a renda per capita de Taiwan é quase duas vezes e meia a da China, enquanto a de Hong Kong é quase quatro vezes maior. Essa simples realidade é uma prova inegável de que o PCCh não é necessário na China para que o povo e o país prosperem.


Mas, em vez de mudar o sistema político e econômico em resposta a esse fato, o que certamente significaria a erradicação do Partido da China, o PCCh preferiria mudar os fatos. Taiwan e Hong Kong são aliados do Ocidente, especificamente dos Estados Unidos. Hong Kong acenando a bandeira americana e apelando aos Estados Unidos para se proteger contra qualquer repressão do PCC forneceu ao Partido a senha perfeita: o retorno da ameaça de intervenção estrangeira na China.


A situação de Taiwan, com sua aliança de fato com os Estados Unidos, pode ser ainda mais um catalisador para a intervenção militar da China do que Hong Kong. Xi Jinping declarou explicitamente que a "reunificação" com a "província rebelde" é inevitável. As políticas agressivas do governo Trump podem muito bem ter acelerado esses planos.


Desde 2016, Pequim isolou sistematicamente Taiwan da maioria de seus aliados regionais. Isso é mais do que apenas uma mensagem. É um esforço da China para pôr a mesa política regional antes de tomar algum tipo de ação política, se não militar, contra Taiwan. As acusações públicas do PCC contra os Estados Unidos de "interferir nos assuntos internos da China" e "danificar sua soberania" com a venda de armas a Taipei reforçam essa narrativa.


Simultaneamente, à medida que as coisas pioram na China, mais instabilidade aumentará e a paciência das pessoas com o PCCh cairá. Essa dinâmica apenas aprofundará a crise no Partido. Também aumenta a probabilidade de a China recorrer ao militarismo nacionalista para desviar o foco do povo das condições piores e de sua causa.



James Gorrieé escritor e palestrante no sul da Califórnia. Ele é o autor de "The China Crisis".

As opiniões expressas neste artigo são de opinião do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times.

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